Casa de Criadores une performance, denim original e desconstruções

Teve início na última terça-feira, a 46ª edição da Casa de Criadores na Alameda Olga, em São Paulo. Ao todo, seis marcas apresentaram suas coleções, trazendo os mais variados estilos para a passarela.

O queridinho dos fashionistas, Rober Dognani, iniciou os desfiles com uma homenagem à Elloanigena, diva da noite, exótica e que já dançou em vários clubes. Seus looks extravagantes inspiraram peças repletas de paetês, plumas, látex e tules multicoloridos.

Já a marca Cho. Project estreou no evento com a coleção “Naneun eobu”, ou “Eu pescador”, onde a estilista, Josephine Cho, ex-assistente da estilista Juliana Jabour, resgata suas memórias traduzidas em palavras, imagens e nas vestimentas com referências aos pescadores.

As peças no gender trouxeram construções diferenciadas nas modelagens, tons no off-white, vermelho e índigo, além de inspiração no japonismo onde entram shapes amplos, plissados, franzidos, vazados e moletons mescla. As sarjas de algodão surgem com amassados, brilho e aspecto tecnológico.

Jorge Feitosa trouxe a sensação de sentir-se pressionado por uma ideia, pressurizado, de modo a ser anulado, onde o estilista usa a cápsula como uma representação para sair desse sentimento. “Mesmo o que é estático cria uma relação de mudança com o que está à sua volta. Adaptar, aderir, misturar, são ações estabelecidas na Natureza, como nos ensina a Biomimética, atuando inclusive no campo da Inteligência Artificial, a partir do estudo e observação de algo que a humanidade rejeita: a diversidade”, afirmou o estilista.

Aqui entram casacos amplos que lembram o formato dessa cápsula, volumes, estampas e muitos shorts em sarja no azul, black e detalhes coloridos. O denim bruto surge com leve brilho, aspecto de alfaiataria e mix de lavagens.

Weider Silveiro trouxe para o Inverno 2020 a alfaiataria inglesa, vestes e ornamentos africanos, em looks suaves, urbanos e confortáveis. Os bottons ganham o trabalho de upcycling garimpados em brechós em calças de ternos. Há espaço ainda para jacquards, algodões e sarjas com elastano. Destaque para o mix de estampas com xadrezes e florais

A marca Martins traz o tema “Pausa” e todas as mudanças, términos e recomeços. “Fiz da minha casa meu refúgio e meu ponto de encontro comigo mesmo, dessa vertente vem os tecidos, que trazem a ideia de conforto e a sensação de colocar uma roupa e não querer tirar nunca mais. Trabalhamos o matelassê, tratamento dado a maioria das colchas e edredons. A cartela segue uma linha extremamente clean, preto, branco, off-white, cinza, azul marinho e bege”, afirma o estilista Tom Martins.

Aqui o denim bruto, original e autêntico surge em tons vivos com mistura de tecidos, sobreposições, aspecto inacabado e botões diferenciados. Destaque para as camisas assimétricas com pespontos marcados, vestidos com franzidos, macacões e maxicalças numa mistura interessante de artigos ou em looks total jeanswear.

Alex Kazuo trabalhou peças com aspecto de alfaiataria e técnicas de moulage no tom preto, em vestidos esvoaçantes, calças de algodão, camisas e capas. Corte a fio, mangas amplas e assimetrias fazem parte da coleção.

Fonte: Vanessa de Castro | Fotos: Agência FotoSite