Na medida em que entramos em 2019, questões econômicas, políticas e de matérias-primas começam a dar sinais de mudança, e em alguns casos, praticamente uma revolução. No sourcing, contudo, as previsões apontam para que não haja grandes alterações, mantendo-se a evolução da tendência que tem sido sentida nos últimos anos.
Proximidade ganha terreno
Segundo o relatório da consultora McKinsey & Company “Is Apparel Manufacturing Coming Home?”, o aumento dos custos na China e a necessidade das marcas de moda apresentarem produtos mais rápido do que nunca fazem com que haja um maior custo/benefício para as marcas ocidentais produzirem as suas roupas em países de baixo custo mais próximos. Para marcas que vendem nos EUA o destino poderá ser o México, enquanto a Turquia emerge como um destino fundamental para as marcas que vendem na Europa.
A consultora calculou o custo de produzir uns jeans básicos e importá-los para os EUA ou para a Alemanha, fabricando-os e expedindo-os da China, como termo de comparação. Para fazer o mesmo par de jeans no México e importá-lo para os EUA custaria menos 12%. Para uma empresa que pretende importar seus jeans para a Alemanha, a Turquia seria uma opção 3% mais barata do que a China. Embora esta não seja a opção mais econômica – produzir no Bangladesh custa menos 20% do que na China –, a Turquia e o México apresentam a vantagem de terem tempos mais curtos de produção, de apenas uns dias, em comparação com um mês inteiro, se a marca produzir na China ou no Bangladesh, aponta o estudo da McKinsey.
Aumento de custos promove diversificação
Vários fatores obrigam as marcas de vestuário a olharem para fora da China e mais pra perto de casa para deslocar a produção. Além da guerra comercial entre os EUA e a China, há ainda a questão do aumento de custos com a mão de obra, não só na China, mas em vários países asiáticos que, até agora, serviram de centro de produção para a indústria da moda.
No Vietnam, que tem sido apontado como o maior beneficiário da guerra comercial entre os dois gigantes, o Conselho Nacional Salarial do Vietnam propôs subir o salário mínimo em 5,3% em 2019, o que significa um aumento mensal entre 7 a 9 dólares (entre 6 a 8 euros). No Bangladesh, um acordo firmado em setembro previa um aumento dos 5.300 takas para 8.000 takas (cerca de 82 euros) do salário mínimo, que, contudo, ainda não entrou em vigor. E no Camboja o salário mínimo mensal subiu 7%, para cerca de 158 euros.
Etiópia em ascensão
Há ainda a ascensão dos países africanos enquanto centros de produção. A Etiópia tem vindo, nos últimos anos, a assumir algum protagonismo graças a investimentos internacionais. A PVH Corp, por exemplo, criou uma unidade de produção de vestuário vertical e sustentável em Hawassa, na Etiópia, antevendo-se que o Parque Industrial de Hawassa receba outras empresas nos próximos anos.
Fonte: Portugal Têxtil | Fotos: Reprodução