João Bordignon revela propósito por trás da nova estratégia da Capricórnio

Toda grande transformação implica em uma mudança de visual. Isso acontece com as pessoas, logo, também com as empresas – afinal são elas que as comandam. E conforme amadurecemos conceitos e assimilamos modos de ser, assumimos de forma mais corajosa o que somos e a que viemos. É mais ou menos esta fase, que uma das gigantes do mercado denim nacional está vivenciando.

Presente no mercado desde 1946 e terceira produtora em volume de denim no Brasil, a Capricórnio Têxtil lançou recentemente sua nova identidade visual, marcando também evoluções na sua forma de comunicação. Respeitando sua própria trajetória e, reconhecendo a força da sua estratégia original, surgiu um design limpo, jovem e colorido. Uma espécie de versão Millennium do próprio passado que busca se conectar com a moda da vida real.

O protagonismo do diferencial preço, a humanização da companhia, o caráter democrático e a missão de constar no mercado transpondo o papel de uma empresa comercial para promover o engajamento entre os elos do setor, são algumas questões envolvidas nessa mudança. Nossa equipe abordou todas elas em entrevista exclusiva com João Henrique Bordignon, diretor da Capricórnio. Confira abaixo!

 

Guia JeansWear: Como foi o processo de renovação do logo?

João Henrique Bordignon: Buscamos uma comunicação visual que não fosse muito disruptiva, entendendo que o símbolo anterior era muito forte, em reconhecimento ao quanto ele representa para nós internamente. O que fizemos foi humanizar essa identidade visual, pois identificamos muito essa característica no nosso branding. Nossos colaboradores internos trouxeram isso. Temos pessoas com muito tempo de casa, que construíram uma vida lá dentro e gostam muito disso, e entendem essa humanidade dos acionistas e colaboradores com a empresa. Achamos que nada mais justo do que respeitar o símbolo do passado e trazer essa modernidade com mais cor, mais alegria, em um astral Millennium, para coroar esse novo momento.

GJ: Qual o principal propósito dessa mudança no símbolo da Capricórnio?

JHB: Nossa mudança no símbolo vai além das reformulações de produto, pois tal definição já havia sido feita já 2017 apesar do lançamento para o mercado apenas neste ano. A mudança é a consolidação de todo um processo, muito bonito de transição de geração, equipe e profissionalização. Nosso book conta bastante essa historia dos tecidos, sobre posicionamento, e sobre a ideia de querer mostrar a moda da vida real e não o high fashion inspiracional.

Acreditamos que nosso cliente usa o denim no dia a dia e é o que queremos valorizar por isso, achamos que estava na hora de comunicar ao público o resultado dessa transformação através de uma nova logomarca. Para nós é o primeiro passo para a construção de um novo posicionamento estratégico de uma marca empática, agregadora, com criatividade para fazer mais com menos. Queremos nos diferenciar no mercado, identificando quais são as nossas fortalezas. São dois momentos, de novos produtos e nova marca juntos, simbolizando um novo momento em que a Capricórnio se propõe a conectar o mercado.

GJ: Como ficou a gama atual de novos produtos com a reformulação atual?

JHB: Temos novas bases e novos tingimentos, totalizando uma variedade de vinte e dois lançamentos. Em novos tingimentos, temos o Royal que é novidade. Criamos um conceito de família que não existia. Atualmente, as famílias são Original Denim, composta por 100% algodão; Flat Confort Denim, caracterizada pelo cetim liso e limpo; Confort Denim, definida pelo mix do algodão e elastano; a Poli Confort Denim, que valorizou o poliéster já que é um produto que tem demanda. Há também a Light Denim que é de tecidos leves para camisaria, onde temos atualmente dois tecidos o Helô e o TeKa, com 4,5 e 5,5 Oz, respectivamente. A expectativa é que na próxima coleção possamos lançar mais seis ampliando o mix leve para uma variedade de oito.

GJ: Fale um pouco sobre a parceria com a Pizarro.

JHB: A parceria com a Pizarro vai começar a funcionar no segundo semestre deste ano e tem dois viés muito fortes. Primeiro pelo seu Manuel, o fundador, ser uma grande fonte de inspiração e conhecimento no desenvolvimento de novos produtos. A Caprilab é dentro da fábrica de acabamentos diferenciados em São Carlos, o que significa que Manuel Pizarro vai estar constantemente presente no dia a dia, compartilhando sua visão de lavanderia para o desenvolvimento de tecidos mais apropriados. Em segundo lugar, a parceria tem o viés da comunicação dessa inspiração para o mercado, pois iremos propiciar aos clientes espaço onde as equipes de estilo e desenvolvimento possam desenhar suas coleções modelo com tecidos Capricórnio e expertise Pizarro, apoiando-os na fase de reprodução interna, seja através de lavanderia própria ou de parceiros.

GJ: Qual será o critério para escolha dos clientes Capricórnio que vão se beneficiar com essa parceria com a Pizarro?

JHB: Parceria vai além de volume. O caminho é esse, estamos dando um foco inicial para clientes de magazine, pois estão precisando muito dessa velocidade no desenvolvimento de coleção, já que Brasil tem esta coisa do fast-fashion muito forte mas não vai ser só para eles. A parceria vai ser acessível para diversos clientes.

GJ: Com essa parceria para desenvolvimento de novos produtos, você acredita que a Capricórnio está migrando para um mix mais próximo do Premium?

JHB: Não queremos entrar em uma classificação restrita, queremos nos diferenciar pelo propósito de marca, conectando o setor, e representando mais do que produto. Obviamente a Capricórnio é um negócio, uma empresa têxtil, que vende tecidos para ter rentabilidade e poder continuar. Logo, se preocupa muito com preço. Mas não nos espelhamos em outras companhias, nosso objetivo é ter na carteira produtos para atender todos os clientes. Queremos ser a solução inteligente: proporcionando artigos de qualidade para diversas faixas de preço.

GJ: O posicionamento da nova marca envolve a comunicação da mesma associada ao melhor custo-benefício?

JHB: A ideia não é custo beneficio mesmo, é preço. E preço não tem que ser visto de forma pejorativa, preço é bom, Somos enxutos, trabalhamos muito a ideia de ter um bom custo para nós e para o mercado. Estamos em um momento em que o mercado não está fácil, mas nós mantemos nossa margem saudável, e atuamos dentro da faixa de preço que acreditamos ser viável para o cliente e saudável para nós, pois queremos ser sustentáveis e manter a capacidade de investir. Afinal, a indústria têxtil é uma indústria que se você precisa investir todo o ano, constantemente, para sobreviver.

GJ: As mudanças no mix e no posicionamento da Capricórnio visam a captação de novos clientes, ou a fidelização?

JHB: As duas coisas. Valorizamos muito os clientes parceiros que nos acompanham a muitos anos, pois eles tem muito foco em todas as nossas ações. Mas sim, também queremos conquistar novos clientes, pelo produto diferenciado. Nossa ideia é assumir um protagonismo quanto ao preço, e quanto a terceira maior em volume de mercado.

Queremos ser mais presentes na comunidade denim nacional, colaborar assim como vocês do GuiaJeanswear e a Denim City, fazendo com que a indústria do denim nacional volte a ter relevância para o mundo. A grande força da nossa marca nova é isso, ter o alinhamento estratégico de comunicação. Ser o #capriconecta é estar escolhendo a dedo o que representa a essência do que é a nova Capricórnio, conectando os elos e os skate holders do setor. Queremos ser parceiros deste movimento, assim como vocês do GuiaJeanswear, acreditamos muito na co-criação, e na colaboração entre os players do setor.

GJ: Nossa equipe tem acompanhado a parceria da Capricórnio com o Ronaldo Silvestre há mais de 10 anos, inclusive com as peças do projeto Tecendo Itabira, que ficaram em exposição no Denim Meeting 2019. A parceria já tem mais de 9 a 10 anos, pode oferecer mais detalhes sobre ela?

JHB: Cedemos tecidos para a Casa dos Criadores, para o Dragão Fashion. Nosso apoio ao Ronaldo é desde o início tem um lado social muito importante, ainda é um projeto pequeno mas temos planos de ampliar nossa participação. A ideia é nos afastar do high fashion e do inspiracional, por uma questão de posicionamento. Temos a intenção de fazer um projeto muito forte de peças conceito com alguns estilistas chave cujas ações não tenham por finalidade apenas a peça, mas sim propósitos iguais aos nossos.

GJ: Quais as outras parcerias que a Capricórnio mantém, além da Pizarro?

JHB: Além da Pizarro, temos a Denim City, o Denim Meeting, Senai Cetiqt e estamos falando com Sebrae e outras iniciativas.

Fonte: Vivian David | Fotos: Divulgação