Desenvolvido pela Embrapa, o algodão naturalmente colorido BRS Rubi é a matéria-prima principal da empresa paraibana Natural Cotton Color. O lançamento, apresentado durante a mais recente edição da Brasil Eco Fashion Week, foi idealizado pela marca em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), por meio de um edital de inovação de 2016.
Sem a necessidade de passar por um processo de tingimento, o novo jeans usa menos água em sua fabricação comparado ao tradicional índigo blue. Segundo a presidente da Natural Cotton Color, Francisca Vieira, o produto teve uma ótima aceitação na Première Vision Paris, considerada a principal feira do mundo têxtil, que apresenta as principais tendências em tecidos.
“Se o nosso denim tiver a aceitação no mercado como teve na Première Vision Paris, será uma revolução na indústria do jeans, até porque ele não é azul e não deixa rastros de tinta em lugar nenhum”, apontou.
Luís Sávio Pinheiro, gerente de tecnologia do Instituto Senai de Tecnologia Têxtil e Confecção, ainda também ressaltou a pegada hídrica que o novo artigo carrega. “Para produzir uma calça jeans azul no Brasil são necessários entre quatro mil e 11 mil litros de água em toda a cadeia, desde a irrigação ao beneficiamento e acabamento final do produto. Já o algodão colorido, não é irrigado e não necessita de tingimento. Portanto, consome menos água”, disse.
Para a idealizadora do jeans de algodão colorido, o mercado de luxo deve ser o principal consumidor do produto. “Busco marcas que tenham alto valor agregado, que possam dar continuidade ao nosso trabalho sem mandar costurar as peças em países com trabalho escravo e mão de obra infantil. Não queremos ver nosso denim em prateleiras de lojas que pagam centavos de dólares pela costura”, declara a empresária Francisca Vieira, que já entrou com pedido de patente do produto no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Inovação fio a fio
No Instituto Senai de Tecnologia Têxtil e Confecção, na Paraíba, foram criados os fios têxteis, as malhas e, por fim, o denim de algodão colorido. “A fibra do algodão colorido é um pouco mais curta que a do branco, mas como para o denim nós utilizamos um tecido mais grosso, o tamanho da fibra não foi problema na fabricação do produto”, conta Luís Sávio.
Além do denim, foram desenvolvidos novos materiais como um elastano biodegradável e um tecido que mistura algodão colorido com seda natural.
Crescimento e novas cores
O socioeconomista da Embrapa Algodão (PB) Gilvan Ramos avalia que com o novo produto, a demanda e a produção de algodão naturalmente colorido tendem a crescer. “O estado da Paraíba ainda produz muito pouco – são 293 hectares plantados em 2019 e 391 toneladas colhidas de algodão em rama. Isso representa apenas 140 toneladas de pluma pronta para a fiação.”
O pesquisador da Embrapa Luiz Paulo Carvalho, responsável pelo desenvolvimento das variedades de algodão colorido, revela que está próximo de chegar a tons de rosa e laranja. Ele estima que essa etapa deve levar cerca de dois anos para ser concluída.
“Temos linhagens em campo que estão se mostrando promissoras quanto às cores. Mas ainda vamos melhorar outras características antes que fiquem prontas para lançamento.”, apontou.
A Embrapa já lançou seis variedades de algodão colorido em tonalidades que vão do verde-claro aos marrons claro, escuro e avermelhado. São elas a BRS 200 Marrom, BRS Rubi, BRS Topázio, BRS Safira e BRS Jade.
Fonte: Redação | Foto: Divulgação