Maria José Orione conta tudo que você precisa saber sobre Denim City SP

A profissional eleita para estar à frente da Denim City São Paulo, que acreditamos, ser um negócio que revolucionará a indústria têxtil do denim no Brasil, é dona de uma bagagem exemplar, é ela, Maria José Orione.

Eleita Coordenadora acadêmica do projeto, Maria José tem uma grande Vivência em trade Marketing, Desenvolvimento de Negócios, Planejamento Estratégico e Orçamentário, Inteligência de Mercado, Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos, com carreira desenvolvida em empresas Multinacionais e Nacionais.

O Guia JeansWear, apoiador do Denim City São Paulo, foi buscar para vocês informações detalhadas sobre o propósito do espaço. Confira!

 

Guia Jeanswear: Conte um pouco mais sobre o projeto do Denim City em São Paulo.

Maria José Orione: A Denim City lá de Amsterdã foi criada vindo de um outro projeto, o House of Denim, quando algumas pessoas envolvidas com o setor de várias formas entenderam que ao produzirem na Ásia, a Europa também suportou uma série de problemas inerentes ao processo de fabricação do denim. E eles se sentiam na obrigação de ajudar a resolver esses problemas. Isto gerou a iniciativa House of Denim, que por sua vez acabou derivando para Denim City e […] a Denim Week.

Isto gerou a Denim School, que é uma escola, mas também é um espaço dedicado ao denim. Esta escola, que nós também estamos trazendo para cá como o Denim City, tem uma educação que tem como base a sustentabilidade e pela inovação, e por algo que consideramos muito valorosa, que é a
conexão. Juntar as pessoas. O projeto não é uma projeto nosso, é da
comunidade denim.

Esperamos muito ter a colaboração de todos, porque é um jeito muito mais verdadeiro e moderno de se trabalhar. Queremos ter junto com a Denim City, e já temos como patrocinadores, tecelagens, lavanderias, comunicação – como o Guia JeansWear. Então, precisamos ter essas bordas todas que representem os problemas e as soluções que podemos trazer para o setor.

GJ: Então, é a união dos elos, formando uma mini cadeia com os alunos. E  quanto estes alunos chegam lá, o que aprendem primeiro, dentro da Denim City de Amsterdã?

Maria José: Tanto na Denim City em Amsterdã, quanto em São Paulo, existem vários públicos-alvo. O primeiro deles é o próprio profissional da cadeia, que muitas vezes tem o conhecimento daquilo que ele faz, mas não tem conhecimento da cadeia. Isto faz com que ele possa fazer as coisas com a melhor das intenções, mas que prejudica o elo seguinte. O estilista não entender o impacto dele colocar uma determinada costura, um determinado detalhe ou ter escolhido um determinado tipo de tecido e depois colocar um tipo de lavagem que não é adequado para aquele tecido, faz isso por desconhecimento.

O papel da Denim City é justamente ampliar o conhecimento de uma pessoa que sabe sobre sua área, mas desconhece o que vem antes e o que vem depois. Com a Denim City, faremos cursos que peguem desde a plantação do algodão até a finalização de uma peça, para que todos enxerguem os impactos dessas cadeias. Teremos vários formatos, de 20 horas até 100 horas, e talvez para o ano que vem teremos o curso de um ano. E aí que serão aprofundados todos esses temas, modulares, de forma mais ampla.

Queremos também atingir os próprios empresários e, principalmente, os empreendedores, que as vezes querer empreendedor no setor, mas não tem conhecimento profundo. Esta pessoa pode, antes de ter essa iniciativa da própria empresa, entender melhor o setor.

E também, obviamente, os estudantes. Nós não seremos uma universidade, não queremos um diploma reconhecido pela MEC, portanto hoje não seremos concorrentes das universidades. Queremos complementar as universidades. Vamos desvendar toda a magia e todos os mistérios do universo denim, que é tão amplo e tão pouco explorado dentro das universidades, para os estudantes que tem interesse em trabalhar com moda e especificamente com o jeans. Percebemos que os empresários tem muita dificuldade de contratar pessoas e até mesmo promover profissionais que estão com eles, por não ter quem colocar no lugar. As pessoas saem da universidade
conhecendo muito pouco sobre o universo jeanswear.

GJ: Tempos atrás, o Guia JeansWear fez uma pesquisa sobre o porquê não  existir uma escola denim, que profissionalizassem e mostrassem o caminho  do que é o universo jeans. E, justamente, ouvimos isto de orientadores e  professores ao perguntar por que não existia na escola, algo modular,  que incentivassem isto. O que percebemos é que não tinham os profissionais ou se tinham, não existiam ferramentas. Sentimos que  necessita da parte prática. E a Denim City está trazendo isto, não é?

Maria José: Nós teremos um formato de ensino mão na massa, aprender fazendo. Teremos uma oficina de costura, lavanderia piloto, um laboratório de aviamentos. Teremos todas as condições para as pessoas vivenciarem este processo fazendo e aprendendo a fazer, observando o impacto que isso tem nas escolhas, nas decisões de compra, de desenho, de todos processos, para que ela possa entendem o impacto de cada decisão dela no passo seguinte. Mas é uma escola que vai, de fato,
proporcionar.

Queremos ainda, através de parcerias com os profissionais e os empresários, trazer não só profissionais do setor parceiro e nossos mestres, como também levar os alunos em visitas nessas empresas assistentes próximas de São Paulo ou não, fazer missões dentro dessas empresas, visitar campos de algodão. Trazer de fato um conhecimento prático para aqueles que estão querendo ingressar ou que já estão inseridos no setor, que gostariam de aprofundar seu conhecimento.

GJ: Há empresas participando, colaboradores. Pode esclarecer para quem  quer apoiar, apostar, patrocinar o Denim City, se vocês fazem escolhas, como é? A indústria toda do denim, é só brasileira ou podem ser de outros países?

Maria José: Neste momento, estamos focando em brasileiras e até mesmo com a parceria e nossos colaboradores, que estamos priorizando a indústria nacional. Porém, teremos máquinas de costura importadas, porque a partir do momento que não temos este produto similar no Brasil, não podemos privar o setor de ter acesso a este conhecimento. Teremos o software da Maya, o da Audaces, porque buscamos o que tem na tecnologia de ponta para difundir isto no Brasil.

Temos várias formas de participação na Denim City. Os patrocinadores que vão sustentar a parte acadêmica, pois a Denim City será feita por duas empresas, uma associação sem fins lucrativos (ao lado dos patrocinadores) e uma administração aberta (para todos aqueles que tiverem interesse). Os patrocinadores que chamamos de “super blue” também terão uma cadeira no conselho e tomarão, junto conosco, as decisões de onde aplicar as receitas vindas da associação e da academia. Depois teremos também os showrooms, o co-working, que será destinado a todas as pessoas que estão aqui no Brás e precisarem de um lugar para trabalhar.

Teremos ainda restaurantes, uma loja conceito com as principais marcas de jeanswear europeias e americanas, que é justamente para elevarmos o padrão da produção nacional, mostrando o que tem lá fora e que nós podemos mesmo em um mercado um pouco mais apertado nesses termos de preço, que isto não esteja atrelado a um produto inferior ou de uma estética menos elaborada. Então, acho que nosso objetivo é de fato elevar o padrão da indústria nacional através do compartilhamento de conhecimento, tecnologia e inovação, ideias que possam surgir.

De qualquer maneira, mesmo que uma empresa não for sponsor ou não tiver um showroom aqui, a presença e o compartilhamento de conhecimento dentro da Denim City será muito bem-vindo.

GJ: Nos quesitos inovação e sustentabilidade, como serão aplicados  dentro do Denim City? Como serão passados aos alunos?

Maria José: Da forma mais prática possível e, de preferência, da forma mais realista possível. Temos uma crença que a sustentabilidade é inevitável, é o caminho para o futuro, mas nós também acreditamos que existe uma ponte que deve ser atravessada para um mundo mais sustentável. Precisamos fazer isto um passo de cada vez, somos fãs do slogan “tão sustentável quanto possível”. Não seremos 100% sustentáveis amanhã, temos que discutir esses caminhos para um azul mais brilhante, como é o tema da Denim City, porque acreditamos que passo a passo vamos usar instrumentos, materiais e produtos que tornem a indústria mais sustentável.

Queremos com isto estimular o desenvolvimento de produtos químicos mais sustentáveis, estimular as lavanderias que determinados processos podem parecer mais caros que outros, porém são mais sustentável no fim da linha e até mesmo mais econômicos, por conta da economia de água em procedimentos químicos mais caros no início. Enfim, buscamos discutir todos esses assuntos para depois avançar esse processo de sustentabilidade.

Acho que seremos bastante cuidadosos com a consultoria, em tudo que acontece dentro da Denim City, mas nosso padrão é ter pessoas que estão trabalhando dentro de um fair play. Claro que não queremos pessoas que trabalhem com práticas que não aprovamos. Este será o único critério.

GJ: Além do fair play, tem mais alguma coisa que você gostaria de estar esclarecendo para aqueles que não conhecem e não estão entendendo ainda como vai ser o Denim City, porque será no Brás?

Maria José: A escolha do Brás é bastante óbvia no sentido que aqui temos 50% da produção, ou pelo menos a comercialização, do denim no país. E acreditamos também que temos que contagiar uma região, que trabalha às vezes com padrões estéticos prejudicados pela necessidade de preço, que a gente pode melhorar isto tudo, estimular a criatividade brasileira, ter produtos de qualidade mesmo se o fator custo-benefício for importante.

GJ: Além de capacitadora para profissionais de mercado, a Denim City depende também de novos profissionais, já que até então ela mesmo formava estes profissionais porque não tinha uma entidade que fizesse isto. Ela também é esclarecedora, com você falou, para as lavanderias para provar que é melhor você investir em um produto mais caro, que vai acabar saindo mais barato no final de tudo. Até a formação de cursos, vemos uma deficiência muito grande principalmente nas lavanderias.

Maria José: É, estamos inclusive fazendo uma pesquisa sobre que tipos de cursos, que horários são mais adequados, porque sabemos que as pessoas podem ter vontade mas não tem disponibilidade de tempo para um curso maior e mais completo. Então, estamos analisando todos estes aspectos, para de fato entregar o que o mercado precisa.

GJ: Para aqueles que estão interessados, quando inaugura o Denim City?  Já tem uma data prevista?

Maria José: A inauguração está prevista para o final do segundo semestre (de 2019), possivelmente na segunda semana de novembro, e assim que estiverem finalizadas as ofertas dos cursos, vamos começar a divulgar. Isto, possivelmente, será no final de setembro.

E uma outra consideração que não fiz anteriormente, é que gostaríamos muito que todos participassem colaborando. Eu me coloco à disposição de qualquer pessoa que tenha dúvidas ou que queira conversar sobre o projeto, pagar um café, uma reunião, um skype, para dar melhores explicações. Todos são bem-vindos.

GJ: Perfeito. Só falta o pessoal saber como chegar até você, um telefone, um site, um e-mail.

Maria José: Bom, temos o Instagram @denimcity.sp e o meu e-mail, mjorione@denimcity.org.