As cadeias de fast fashion de baixo custo, como H&M e Primark terão que tomar decisões estratégicas de longo prazo face à escalada de preços que tem atingido toda a indústria têxtil e do vestuário.
Com o aumento generalizado dos preços, desde as matérias-primas à mão-de-obra, passando pelos custos logísticos, este tipo de cadeia terá que decidir se repassa o aumento para os seus clientes, prejudicando a imagem a qual está associada, ou diminuir as suas margens operacionais, mantendo os clientes satisfeitos, mas prejudicando seus resultados e gerando insatisfação em seus acionistas.
Para a analista Anne Critchlow, existem algumas preocupações de que os varejistas de baixo preço não consigam repassar o aumento de custos para os seus clientes. Esta expectativa já levou que a Critchlow previsse uma queda em suas estimativas de lucros para a H&M neste ano em torno de 6%.
Rebecca McClellan, analista do Santander, concorda com a opinião de Anne: Acreditamos que as empresas europeias de moda vão seguir dois caminhos distintos. Por um lado, as orientadas para o produto, como é o caso da Inditex (proprietária da Zara), irão consolidar a sua posição e aproveitar o momento de subida de custos das demais. Por outro, os comerciantes de baixo preço, como é o caso da H&M e dos hipermercados, verão as suas margens erodidas caso queiram manter seus preços e consequentemente, seu mailling de clientes, afirma.
Olhando para o mercado de moda europeu em contexto mais abrangente, esperamos um ambiente de sourcing mais exigente, que poderá alterar o paradigma de contínua queda de preços a que assistimos nas últimas décadas, comenta Luca Solca, analista da Bernstein, antecipando aumentos de preços nos fast fashion de baixo custo e nas cadeias de hipermercados.
PORTUGAL TÊXTIL | FOTO: REPRODUÇÃO