Tendências internacionais colocaram sugestões para o momento atípico atual: propuseram o acolhimento dos quimonos, a versatilidade das calças joggers e um visual quase anti-moda, que colocava o conforto em “primeiríssimo plano”.
Então, a Amapô fez a sua leitura, totalmente brasileira e autoral, das mesmas direções para o Verão 2021, apresentado durante a edição online do São Paulo Fashion Week.

Conforto e acolhimento foram mantidos, mas com muito frescor. O denim foi o protagonista, mas não conquistou este papel sozinho. O expertise de uma modelagem elaborada e ao mesmo tempo descomplicado para o chão de fábrica, associado ao foco na personalidade da mulher brasileira que não abre mão de ser notada, foi o que o consagrou.
As peças conservaram a leitura básica sugerida pelas tendências mundiais. Mas como diferencial, apresentaram uma modelagem tão singular, que alcançou o feito de conciliar em cada criação o argumento fashion, e a exigência por atemporalidade através de um visual colecionável.
As joggers da Amapô, se dividiram entre o shape das pantacourts e o look “aladim”. Neste último, a marca surpreendeu mais uma vez pela criatividade da modelagem, caracterizada por um trabalho de moulage minucioso formando “bicos” com efeito de jabô na lateral da calça. O efeito conferiu uma leitura discreta e ao mesmo tempo impossível de não se fazer notar, pelo tom de ineditismo.
O formato da calça aladim também foi o ponto de partida para uma versão mais urbana da modelagem. Em lavagem mais escura, a calça com volume amplo teve sua cintura muito bem definida pelo acompanhamento do cinto largo na mesma lavagem do denim. Para elevar ainda mais o desenho da construção da peça, recortes verticais deslizaram pelo entrepernas conferindo leitura chique, madura e extremamente feminina ao fit.
Já o quimono em visual índigo, lembrou no desenho dos bolsos a construção das jaquetas quebra-vento. Uma fusão oportuna para a maresia de beira de praia, que pode muito bem cumprir a função de agasalho corriqueiro e atemporal – sem abrir mão do discurso excêntrico na diferenciação. Em uma segunda versão, a peça-chave explorou o visual patchwork. A técnica foi aplicada mesclando lavagens médias, descarregadas e acinzentadas – principalmente nas mangas formadas por anéis contrastantes de patches.
A Amapô também resgatou a leveza e a feminilidade dos babados. A construção foi explorada tanto na blusa com a versão “sequinha” da manga presunto, quanto na espontaneidade das saias rodadas prontas para o calor. Foram menos modelos, mas com maior impacto para as buscas aspiracionais da consumidora de moda.
Para o mercado de moda brasileiro, fica uma referência de como se referenciar em tendências internacionais, ao invés de segui-las cegamente. Afinal de contas, as antenas dos nossos consumidores estão conectadas com o mundo em tempo real. Mas nosso modo de ser é único e tem suas raízes muito bem plantadas na simplicidade e na beleza que caracterizam o perfil vaidoso da mulher nacional.
Confira a transmissão do São Paulo Fashion Week na íntegra:
Fonte: Vivian David | Fotos: Divulgação