Sterling Ruby traz referências inspiradoras para lavanderia e patchwork

Aquele look denim único, de visual intenso e apelo nada reprodutível: ao que tudo indica, ele irá permanecer como uma forte direção nas coleções de Verão 2020 internacional (equivalente a 2021 brasileiro). Ao menos, é o que sinaliza o mix masculino apresentado por Sterling Ruby.

O artista multifacetado que, além da atuação no universo fashion, possui uma longa e consistente carreira na arte, trabalhando com pintura, cerâmica, colagem e desenho. Na era do Instagram e das redes sociais, Ruby sinaliza o bom momento das colaborações, e do apelo comercial da união entre arte e moda como construção de valor imaterial.

Ruby transformou sua arte têxtil em estética funcional, ao aplicá-la sobre silhuetas norte-americanas nativas, workwear, e vestidos com estilo country. Sob essa estrutura, o artista trabalhou a mancha, variando em cartelas de amarelo, branco, rosa, sujinho, delavé, tons avermelhados e terrosos.

De posse dessas nuances, trabalhou a sobreposição do denim em acabamentos com fundos ácidos e manchados, com os tingimentos coloridos; até agregar o discurso único do expressionismo abstrato, através dos estimados respingos de tinta inspirados na action painting. E nada poderia ser mais representativo da cultura das ruas do que tal alquimia.

Pela visão do designer-artista, combos denim se multiplicaram em combinações ecléticas: jaquetas carpinteiro associadas à calças pantalona, camisas utilitárias coordenadas à five pockets, calças arrastadas sugeridas com batas exageradas, macacões finalizados com camisas denim, e jaquetas estilo quebra-vento sobrepostas a conjuntos de camisas e calças. Em comum, todos esses looks vieram unificados da cabeça aos pés por texturas únicas.

Mas as direções apontadas pelo designer-artista não se ativeram apenas aos acabamentos autorais e à curadoria de clássicos da moda de rua. Ruby também exercitou experimentalismos em volumes e comprimentos.

Jaquetas esportivas vieram volumosas nas mangas, calças assumiram bainhas amplas e arrastadas, saias envelope amarradas foram sugeridas para o menswear, e batas beiraram a leitura de ponchos leves. Muitas dessas produções, foram apresentadas junto à bolsa-sacola masculina, que se posiciona como acessório substituto das bum bags.

Na evolução do desfile, Ruby interagiu com o denim dry e com os patches. E para esse último argumento, propôs uma nova estética para trabalhar os recortes – destacando bordas com aspecto felpudo de pele, nos desenhos dos mosaicos geométricos formados.

Fonte: Vivian David | Fotos: Divulgação