A água e o beneficiamento do jeans by Ju Medina e Geisa Camalionte

No dia 22 de março, comemorou-se o DIA MUNDIAL DA ÁGUA. E óbvio que nós não poderíamos deixar essa data passar em branco nessa Coluna sobre Beneficiamento.

Essa data foi criada em 1992 pela Organização das Nações Unidas (ONU) visando a ampliação da discussão sobre esse tema. No dia 22 de março de 1992, a ONU, além de instituir o Dia Mundial da Água, divulgou a Declaração Universal dos Direitos da Água, que é ordenada em dez artigos. Veja a seguir alguns trechos dessa declaração:

1- A água faz parte do patrimônio do planeta;

2 – A água é a seiva do nosso planeta;

3 – Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados;

4 – O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos;

5 – A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores;

6 – A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo;

7 – A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada;

8 – A utilização da água implica respeito à lei;

9 – A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social;

10 – O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA NA INDÚSTRIA TÊXTIL

A indústria têxtil consome recursos hídricos em muitos dos seus processos. Sem eles, dificilmente desempenharia os procedimentos tão necessários para torná-la a enorme potência que essa indústria é.

A água também exerce um ponto importante na indústria, ela alimenta caldeiras – equipamento utilizado dentro de uma empresa têxtil que gera vapores.

A indústria da moda é “considerada” a segunda mais poluente do mundo. Fato esse que, acreditamos merecer atenção quanto à revisão dos dados que levaram a esse ranking. Todos os anos, a indústria têxtil consome 93 TRILHÕES de litros de água, segundo algumas estatísticas. O que significa 4% da captação mundial de água doce anual (relembrando que a indústria agropecuária é responsável pela captação de 70%).

Para cultivar 1kg de fibra de algodão, são necessárias de 7 a 29 mil litros de água. Uma camiseta, por exemplo, consome quase 2kg de combustíveis fósseis e quase 3 mil litros de água.

Segundo FASHION REVOLUTION, consumimos ainda uma média de 10 mil litros de água para fabricar uma calça jeans e 8 mil para um par de sapatos. Bem, adoraríamos contra-argumentar essas informações divulgadas. Afinal, essa não é a realidade de todos da cadeia produtiva, pelo contrário!

COMO FUNCIONA O TRATAMENTO DE EFLUENTE TÊXTIL?

A cada ano que passa, as indústrias de modo geral estão cada vez mais preocupadas em seguir as rigorosas normas ambientais existentes, tanto para preservação dos recursos hídricos, quanto no tratamento dos resíduos gerados.

Nem sempre as águas coloridas devido ao processo das indústrias têxteis são prejudiciais, mas os lançamentos de efluentes industriais sem tratamento, obviamente não são permitidos e trazem impactos negativos ao meio-ambiente. Por isso, o tratamento de efluente é uma obrigação para todas as indústrias deste setor, seguindo rigorosamente todas as normas definidas pelos órgãos ambientais responsáveis.

Uma ETE (Estação de Tratamento de Efluentes) opera basicamente da seguinte forma:

Gradeamento: etapa na qual ocorre a remoção de sólidos grosseiros;

Desarenação: onde ocorre a remoção da areia por sedimentação;

Floculação: que consiste na adição de produtos químicos que promovem a aglutinação e o agrupamento das partículas a serem removidas.

O material gerado segue para o tratamento biológico constituído de tanques de aeração e decantação, onde ocorre a redução da carga orgânica. Então, o líquido é enviado para o sistema físico-químico, onde são aplicados produtos químicos para retirar os sólidos solúveis presentes, realizar a equalização e principalmente remover ao máximo o aspecto de cor presente nos efluentes têxteis.

Dezenas de análises são necessárias periodicamente para aferir se a ETE está desenvolvendo seu papel de forma eficaz. DBO, DQO, pH, sólidos sedimentares, sólidos suspensos, turbidez, oxigênio dissolvido, metais, entre vários outros, têm que estar dentro dos parâmetros estabelecidos, e estes são relatados por laboratórios credenciados e auditados. Por fim, o efluente tratado se enquadra em parâmetros estabelecidos pela legislação e órgãos fiscalizadores, e pode ser reaproveitado pela indústria ou ser lançado no corpo hídrico sem prejudicar, ou pelo menos, reduzir ao máximo os impactos ao meio-ambiente.

É obvio que o tema água na indústria da moda e, principalmente, no jeanswear é infinitamente polêmico e questionador. Porém, nós adoraríamos abordar mais sobre, a fim de desmistificar “fake news”, por vezes divulgadas no mercado, onde o desconhecimento sobre novas tecnologias, processos e performance dos produtos químicos, são inexistentes ou desconsiderados.

>>> Essa matéria contou com a colaboração de Fabrício.

Adoramos receber sugestões sobre novos temas! Então, mande o seu pra gente!

Até a próxima leitura!

Um super beijo nosso,

Fonte: Ju Medina e Geisa Camalionte | Foto: Divulgação