As principais macrotendências da Vicunha para o Verão 2021

Durante o Vipreview, evento realizado pela Vicunha nos dias 6 e 7 de novembro, em São Paulo, os visitantes puderam conferir todos os lançamentos da têxtil, além de desfiles e palestras com a coolhunter Lorena Botti que apresentou três macrotendências para o Verão 2021.

Além disso, Amy Leverton, autora do icônico livro “Denim Dudes”, desembarcou pela primeira vez no Brasil para comandar o painel “Denim Dudes 360: explorando as principais mudanças do mercado que impactarão a indústria do jeans de amanhã”, e Davide Vagnetti, diretor criativo e gerente na The Italian Job que abordou sobre os processos em lavanderia.

Confira as tendências de comportamento para o Verão 2021 apresentadas no evento:

Natural Punk

Geração Z que carrega valores otimistas e luta pela ética na cadeia têxtil com produtos mais sustentáveis. Aqui entram os jovens ativistas que seguem o consumo consciente, estética transgressora, veganismo, além de ícones como Vivienne Westwood dentro do movimento Punk com foco no ambientalismo e Stella McCartney que segue na criação de produtos ecologicamente corretos.

Os tecidos são somente amaciados no raw, com aparência rústica, fibras naturais e recicladas, 100% algodão ou com elastano. As palavras-chaves desse tema são: redução, reutilização, reciclagem, menos impacto, upcycling, natural chic, rusticidade e tons de crus e off White, além do preto e branco. Entre as peças destaque para as jaquetas encorpadas, calças mais justas, black descarregado e o denim com fios nobres como o liocel.

Storytellers

Do passado ao futuro na criação de um visual vintage plural e autêntico onde as princesas atuais não são nada ingênuas, mas sim empoderadas, modernas, repletas de atitude. Contadores de histórias capazes de partilhar contextos e saberes variados e chacoalhar certezas ajudando a produzir realidades híbridas como a diversidade e a individualidade.

Aqui o mood da vez é o supermercado de estilos com brilhos, aparência acetinada, colors, volumes, alfaiataria, tie dye, estampas florais e de poás, mom jeans – roupas que valorizam o consumo consciente e a multiplicidade.

A sustentabilidade, peças de brechó, upcycling, customização e personalização são palavras-chaves desse tema. Os tecidos pesados – o true denim, sarjas marcadas e aspecto rústico fazem sucesso assim como os colors, rosas, amarelo, vermelho, lilás e verde.

Técnicas de lavanderia já existentes chamam atenção em novos shapes como pantalonas, trench coats, saias rodadas, blusas com babados, mangas bufantes, laçarotes, croppeds com pregas, short bag com cintura alta, pernas com volume e barra ajustada e bermuda ciclista mais justa ou soltinha. Surgem ainda efeitos tie dye, manchados, marmorizados, aspecto de giz de cera por nebulização ou sky bleach, descarregados com reservas de cor, mix de tecidos, padronagens e lavagens.

Efficient Era

Tecnologia, mobilidade e conforto são as palavras de ordem. Pense em shapes e recortes ergonômicos, com inspiração que vem do automobilismo e ciclismo e do sportswears, com patchworks geométricos, bases de moletom e detalhes de zíperes e costuras contrastantes. A estética utilitária mescla-se a futurista e workwear em tecidos com alta performance. A geração coach vem pautada pela alta performance, liderança, eficiência, inovação e hiperconexão.

Aqui os tons vivos como o vermelho, laranja, amarelo e azul são permeados pelo branco, preto, verde oliva e prata. Os tecidos ganham toque suave, flexibilidade, alto stretch. Em lavanderia são finalizados com cores saturadas e padronagens distorcidas em um mood high-tech. Destaque para os macacões esportivos, calças e jaquetas com bolsos e looks com pegada unissex, mas que valorizam as curvas do corpo, além dos detalhes com logomarca, números e mistura de tecidos e lavagens.

Mudanças de mercado

Durante sua apresentação, Amy Leverton, autora do livro “Denim Dudes”, abordou as principais transformações que vão impactar o segmento jeanswear. Confira.

Gen-E: (geração terra)

Sustentabilidade em pauta numa época onde mudanças drásticas são necessárias. Gigantes do setor estão estimulando os consumidores a realizarem compras mais inteligentes. Os consumidores estão preocupados em saber o que aconteceu antes do processo de produção das roupas. A geração Z, que vai representar no ano que vem 45% do mercado, exige a máxima transparência das empresas, são ecologicamente corretos e aprovam quando as marcas informam sobre todo o caminho percorrido até chegar as lojas. O estilo vegano está crescendo cada vez mais. Não é somente o que a gente ingere, mas também o que a gente usa no corpo.

A economia circular é a maior mudança no consumo humano desde a Revolução Industrial. O produto não “morre”, ele volta a ser utilizado de alguma forma, com processos como o upcycling, utilização de fibras naturais, recicladas, materiais compostáveis, além da água 100% reutilizada e os tingimentos naturais. O Mindful Retail também é muito importante nesse caminho rumo à preocupação real com o meio ambiente, onde há lojas, por exemplo, totalmente sustentáveis.

Future Youth (geração Z)

A população com menos de 24 anos vai se tornar a maior geração de consumidores já no ano que vem. Eles se comunicam de forma diferente, são ligados aos valores, nasceram em épocas de grandes desafios econômicos, políticos, ambientais e, clamam pela liberdade de expressão, inclusão, libertação, diferentes gêneros e formas binárias. São totalmente virtuais, se expressam no mundo digital, também dentro do segmento de moda.

Vintage Boom

Aqui entram novos modelos de negócios com foco nos brechós e peças vintage, na plataforma de coisas usadas, emprestadas, de aluguel e, que seguem no conceito do consumo consciente. A Revenda online vem crescendo bastante, 24 vezes mais rápido que o varejo tradicional. “Tudo está evoluindo na velocidade da luz, mas olhamos para trás, para referências retrôs”, afirma Amy.

As collabs criativas também influenciam esse comportamento na venda de peças desejáveis. O ciclo de produtos de moda se amplia, à medida que novos negócios de aluguel crescem, eles podem ir além do momento de uso do consumidor. “Ele pode usar seus arquivos como fontes de inspiração, nostalgia para capturar os modelos de uma época, tornando a sustentabilidade mais atraente”, diz Amy.

Fonte: Vanessa de Castro | Fotos: Divulgação