Como criar o efeito Dirty Washed no Jeanswear by Ju Medina e Geisa Camalionte

Vamos começar essa matéria dizendo que A-D-O-R-A-M-O-S o tema que vocês votaram na enquete que o GJW fez em seu Insta, OVERDYE / SUJINHO!

Vamos falar dessa estética que, no jeanswear, tem reaparecido nas principais Feiras do segmento e em algumas marcas conceituadas da gringa desde o fim de 2022. Pois bem, em maio, essa estética se confirmou mais uma vez nos mesmos cenários de Feiras e algumas marcas e, agora nas recém terminadas Semanas de Moda Internacionais (Londres, Copenhagem, NY, Milão e Paris) esse visual apareceu e não foram poucas vezes não!

Marcas como Ralph Lauren, Acne Studios, Masha Popopav, Ksenia Schnaider, Retro Fete, Area, Ulla Johnson, Stella McCartney, Blumarine, Givenchy, Coperni, Dior e muitas outras, incluindo a nossa tão venerada Diesel, levaram para as passarelas novamente esse VISUAL DISRUPTIVO DO JEANSWEAR, o DIRTY. No Brasil, há tempos esse visual já bombou. Entretanto, como tudo na moda é cíclico e efêmero, tal visual foi substituído, na época, por um visual menos “grunge” e mais “limpo”.

Falando em Grunge, o termo em tradução livre da expressão em inglês para o português, significa “sujeira”. Sua essência sugere uma aparência que muitos dizem ser “anti-moda”, proveniente de um movimento de contracultura. Apesar dos adeptos ao grunge dizerem “não se preocupar com as roupas que vestem”, essa despreocupação com o visual tornou-se a própria característica do movimento. A estética grunge é despojada em comparação às outras formas de música e comportamento, onde muitos músicos grunges destacaram-se pela sua aparência “desleixada”. Tal aspecto se relaciona diretamente ao fenômeno comportamental do slackerism (que significa preguiçoso em inglês), comum às definições das novas gerações e até mesmo aos novos hábitos e ao novo lifestyle das gerações anteriores.

O DIRTY WASH (seu nome original) foi criado inicialmente nos EUA e era feito através de oxidação de produtos destinados para esse efeito, utilizando até mesmo uma aplicação de cloreto férrico nas peças.

DO UNDERGROUND À ALTA COSTURA

O efeito OVERDYE traz consigo, praticamente, um incentivo ao estilo próprio. Nas passarelas e também nas marcas que usaram e abusaram do visual e das variedades que o OVERDYE possibilita, muito se viu em modelagens oversized, mas também em fits casuais e clássicos.

O termo OVERDYE no contexto do jeanswear REFERE-SE A UM PROCESSO DE TINGIMENTO. Essa técnica permite a criação de uma ampla variedade de cores, efeitos de desbotamento e lavagens exclusivas, tornando-se uma parte importante do mundo da moda do denim. Aqui estão algumas informações sobre o OVERDYE no jeanswear:

Processo de tingimento: O OVERDYE é feito em lavanderia, mergulhando as peças de denim em uma solução de corante com o fundo e as customizações (manuais ou a laser) já feitas. As peças de jeans são submersas na solução de corante por um período de tempo específico, o que resulta em cores adicionais ou diferentes.

Variedade de cores: O OVERDYE permite a criação de uma variedade de cores além do tradicional azul índigo, como preto, marrom, verde, amarelo Diesel, vermelho, roxo e muitas outras. Isso amplia as opções de design e permite aos estilistas e fabricantes de jeans criar peças únicas e distintas.

Efeitos de desbotamento: O OVERDYE também pode ser usado para criar efeitos de desbotamento exclusivos. Ao tingir um jeans com uma cor após a produção, os lugares onde o tecido é naturalmente desgastado ou dobrado ficam com uma tonalidade diferendiada, criando um visual desgastado ou envelhecido de forma controlada e personalizada.

Personalização: O OVERDYE oferece a possibilidade de personalizar as peças. Isso é especialmente apreciado por marcas de moda e consumidores que desejam ter jeans exclusivos e únicos.

Sustentabilidade: O processo de OVERDYE pode ser feito de maneira mais sustentável, usando corantes que são menos prejudiciais ao meio ambiente e reduzindo o desperdício de água.

Combinação com outras técnicas: Muitas vezes, o OVERDYE é usado em combinação com outras técnicas de acabamento, como sky bleach, acid wash, snow wash, marmorizado, rasgos, desgastes, entre outros.

Em resumo, o OVERDYE é uma técnica fácil, versátil e criativa no mundo do jeanswear. Ele oferece às marcas e designers a oportunidade de inovar e criar peças de denim únicas, seja através da escolha de cores não tradicionais, da criação de efeitos de desbotamento exclusivos ou da PERSONALIZAÇÃO DE PEÇAS. Isso torna o OVERDYE uma FERRAMENTA VALIOSA PARA A DIFERENCIAÇÃO NO MERCADO DE JEANS.

Não podemos deixar de comentar as observações produtivas.

“Ah, mas Ju e Geisa não é só um tingimento?”

Talvez. Lembre-se que os tingimentos, GERALMENTE, SÃO CONSTRUÍDOS ATRAVÉS DE UMA TRICOMIA DE CORES normalmente obtido por cationização, o que provoca um efeito superficial de tingimento, com envelhecimento posterior.

Vocês sabiam que cada corante tem um tamanho de molécula e uma eletroafinidade específica? Agora imaginem 3 brigando para “aderir” ao substrato de uma fibra que já tem com um corante lá presente, o Sr. Índigo.

Por isso, muitas vezes o DIRTY desenvolvido numa peça piloto não fica tãaaaao igual na produção, devido a migração do índigo e também a presença dele na peça. Mas graças às indústrias químicas, temos hoje produtos incríveis para esse efeito ser produzido com otimização e, por vezes, baixa temperatura na finalização junto ao amaciamento.

Quem nunca deu aquela “amareladinha” no ozônio, que jogue a primeira pedra pome, rs.

Antes desses produtos incríveis e tecnologias que temos hoje disponíveis existirem, já ouvimos muitas histórias no mercado de DIRTY feitos com barro/terra, nos anos 90. E sim, vocês leram certo: terra, barro, lama… a criatividade do brasileiro é enorme e absolutamente incrível!

Quem já usou um “Amarelo Diesel“, levanta a mão ☝️. Falando em DIESEL, aproveitem as imagens que separamos para vocês!

No seguimento de sobretintos (OVERDYE), temos uma grande variação de processos, além do CATIONIZADO, com destaque também para RETRO DYE, SULPHUR DYE, SURFACE DYE e LOCAL DYE. Além desse processo, ainda temos o efeito de MOFO e PIGMENTO, mas essa temática nós vamos deixar para outra matéria!

Boa leitura e um super beijo nosso!

Fonte: Ju Medina e Geisa Camalionte | Foto: Divulgação