No último dia 21 de março, o Lenzing Group, com sede na Áustria e, fábrica em diferentes locais pelo mundo incluindo o Brasil (em Minas Gerais), promoveu o Lenzing Talks Brazil, um fórum sobre as inovações, sustentabilidade, circularidade e, marketing das Fibras Celulósicas. O evento contou com a presença de grandes players do mercado, incluindo a indústria têxtil com a Canatiba Textil, Vicunha e Santista Têxtil, além de magazines e marcas como Hering, C&A, Renner, Riachuelo, Grupo Soma, Aramis, entre outros.

Florian Heubrandner, Executive VP Commercial Textiles abriu o evento apresentando a Lenzing, uma das principais produtoras globais de fibras especiais à base de madeira, juntamente com Juliana Jabour, gerente de desenvolvimento e novos negócios para a América do Sul do Grupo Lenzing.
“Entendemos que esse evento é de suma importância porque é uma oportunidade para você conectar a indústria, conectar a cadeia. Levamos informações para pessoas de vários segmentos, desde a fiação, as tecelagens, as malharias, marcas de todos os tamanhos e os magazines. É um trabalho de educar o setor para poder colher resultados mais significativos lá na frente e chegar até o consumidor final que é o que importa, é quem vai consumir. Precisamos fazer essa mensagem espalhar na cadeia”, comenta Juliana.
O Lenzing Group produz celulose através de madeira sustentável de florestas certificadas e transforma em fibras: são três famílias – ECOVERO™, TENCEL™ Lyocell e MODAL™, com uma produção anual em torno de 1 milhão de toneladas.
“A companhia busca a utilização e o processamento eficientes de todas as matérias-primas e oferece soluções para ajudar a redirecionar o setor têxtil para uma economia de circuito fechado. A fim de reduzir a velocidade do aquecimento global e cumprir as metas do Acordo Climático de Paris e do “Green Deal” da Comissão Europeia, a Lenzing tem uma visão clara: tornar realidade um futuro de carbono zero”, afirma a empresa.
Sustentabilidade, Comunicação e Aplicação das Fibras
Os convidados passaram por três estações que apresentaram diferentes informações sobre a Lenzing:
Eva McGeorge, Head of Marketing & Communication E/A/T, falou sobre o marketing e branding para comunicar a mensagem de sustentabilidade de toda a cadeia, desde a fiação, o fabricante de tecidos até as marcas. Segundo Eva toda a comunicação começa através da certificação.
“Tudo é comprovado – se tem a fibra Lenzing, se as instruções de lavagem estão corretas…uma vez feito esse processo é concedido o número de certificação, como se fosse um RG, cada tecido tem o seu. Tudo gratuito, sem custos. E é essa homologação que as indústrias precisam fornecer para as marcas, seus clientes, porque, em seguida, essas marcas continuam o processo da rastreabilidade, conseguem entrar na plataforma de Branding da Lenzing, solicitar sua licença de marketing, materiais como tags, etiquetas. A Lenzing oferece todo o suporte com foco em uma comunicação mais transparente garantindo para o consumidor final que aquele produto é autêntico e tem todos os atributos de sustentabilidade e que de fato ele é feito com fibra da Lenzing“, afirma Juliana Jabour, gerente de desenvolvimento e novos negócios para a América do Sul do Grupo Lenzing.
Um grande ganho para as empresas brasileiras é que essa plataforma que realiza todos os processos e oferece o suporte necessário, agora vem em português.
Eva explicou que a companhia leva à sério o combate ao greenwhasing, onde sempre estão em busca das informações corretas para transmitir aos clientes, através de um Guia de uso para cada marca que detalha todos os atributos dos produtos, aspectos, performances como regulação térmica, maciez, funcionalidade….e dentro de tudo isso, cada um escolhe transmitir o que faz mais sentido para cada marca e empresa. “Queremos ser líderes nisso transformando essa indústria, que hoje, sabemos, não é tão sustentável”, comenta Eva.
É importante que todas as informações possam chegar ao consumidor final através de tags, etiquetas, campanhas, sites, mídias sociais, collabs com designers, celebridades, há muitas opções como as já realizadas pela Lenzing em diferentes mercados como marcas de luxo, novos estilistas, mostrando a versatilidade da empresa e ensinando que sustentabilidade não é um assunto chato, mas pode ser inserido em qualquer segmento, para diferentes públicos.
Só assim o cliente saberá realmente o que está adquirindo e ele quer ser informado sobre a compra. Portanto, essa comunicação que Juliana Jabour denomina – Branding 360 graus – deve englobar toda a cadeia, trabalhando em conjunto. Esse movimento gera mais consumo e interesse por cada marca e impacta na venda final. “Sabemos que é uma linguagem técnica, por isso, oferecemos todo o suporte para que se torne mais fácil de entender”, diz Juliana.
A Lenzing oferece ainda tags exclusivas de acordo com a coleção de cada cliente, mantém diferentes parcerias globais e pode até criar lojas conceito explicando, no ponto de venda, sobre as fibras da empresa. Além disso, a equipe está à disposição para treinamentos, incluindo também o cliente final, customizando a comunicação.
O tema Sustentabilidade e Inovação com foco na rastreabilidade das fibras nas peças foi apresentado por Georg Spindler, Manager Speciality Applications & Analytics, que explicou que vem crescendo cada vez mais o consumo de roupas pelo mundo e falta matéria-prima. Então como trabalhar essa questão? As fibras sintéticas colaboram para as mudanças climáticas, o algodão também é uma questão problemática porque há necessidade de usar os campos para produzir alimentos e não peças.
Já a Lenzing consegue produzir essas fibras sustentáveis através da madeira certificada, transformada em lascas e, em seguida num líquido que parece um mel que se tornam fibras.
Outra questão da indústria têxtil é o resíduo de produtos, por isso desenvolvem outros materiais que focam nesse problema como o ECOVERO™ que reúne 80% de celulose da madeira e 20% de material reciclado que vêm de duas fontes: sobras da fabricação de roupas que são certificadas, em Bangladesh e Turquia e, também uma parte pós-consumo vindo de lavanderias industriais de hotéis e hospitais que são certificados. Buscam a circularidade das matérias que não são mais usadas.
A empresa tem diferentes certificações incluindo o manejo em florestas sustentáveis e também realiza a rastreabilidade dos produtos através de uma máquina que mede a existência das fibras Lenzing.
Quando a peça recebe a luz verde três vezes tem certeza que tem as fibras da empresa, porém o tecido precisa ter pelo menos 30% de fibras Lenzing.
A companhia tem uma meta para 2030: redução em 50% a emissão de carbono e para 2050, a ideia é zerar essa emissão. Porém o maior desafio é que normalmente as roupas recicladas são mais caras e o consumidor pensa: se é material reciclado porque tenho que pagar mais? Então, devemos trabalhar para mudar esse mindset.
Segundo Georg só políticas públicas, através das leis, que podem modificar o mercado mais sustentável, porque também não adianta somente reciclar poliéster que vai continuar poluindo o meio ambiente deve haver uma legislação que traga os benefícios. Para produzir a fibra certa precisa ter inovação com tecidos que tenham tenacidade, alongamento, absorção de água e um bom acabamento.
A aplicação das fibras e desenvolvimento de produto foi o assunto da estação comandada por Gilberto Campanatti, Gerente técnico para a América Latina, que falou sobre as diversas misturas em tecidos planos, algodão, sarjas, denim, entre outros. Há artigos com stretch de conforto de 15 a 25% de power e mesclas de TENCEL™ Lyocell de 5%, 15% e 30%. Com 5% o tecido não muda sua aparência ou suavidade, porém, torna-se mais resistente, com aumento da eficiência nos processos, aumento da resistência e melhoria da regularidade do fio, além de colaborar para o aspecto do algodão. Com 30% dá para sentir o toque, brilho e o conforto das fibras Lenzing, além de todos atributos anteriores. Com 15% o tecido não muda mas ganha em resistência e eficiência e um pouco de brilho.
“É interessante saber que antigamente, o Lyocell era bem mais caro que o algodão e hoje com o aumento da produção, está com preço similar, por isso, é possível inserir em misturas com algodão sem mexer tanto no custo final do tecido”, comenta Gilberto.
Misturas com 20% de Lyocell e 80% de poliéster, conferem um “upgrade” ao poliéster e juntamente com 2 a 3% de elastano dão toque, conforto e respirabilidade. Em uma composição de poliéster, algodão e os 20% de Lyocell, a função da fibra ecológica é melhorar as outras fibras.
O Lenzing ECOVERO™ e o TENCEL™ MODAL™ já têm suas versões Black com o fio já tinto de preto o que contribui para uma retenção de cor excelente, mesmo após várias lavagens, além de evitar gastos com tingimento e lavanderia.
O TENCEL™ MODAL™, com tecnologia Índigo vem no pigmento azul da cor do denim, ideal para peças em malha com aspecto jeanswear. Essa fibra possibilita diferentes trabalhos em lavanderia como laser, ozônio, permanganatos, entre outros, 99% menos uso de água, 80% menos produtos químicos, redução em 100% de energia e 99% de eletricidade.
Já LENZING™ ECOVERO™com tecnologia REFIBRA™contribui para a economia circular onde utilizam retalhos de corte de tecidos de algodão e produzem um novo fio. “Essa nova fibra não pode perder nenhuma característica física comparada ao fio normal, sem sobras”, comenta Gilberto.
A Lenzing também trabalha com o pós-consumo de roupas usadas em composições diferentes. Hoje em dia há o Lyocell com 30% de fios reciclados e a meta para 2025 é chegar à 50% de fios reciclados.
“A Lenzing nos ajuda a achar sempre uma versão melhor quando falamos de sustentabilidade. Cada inovação que eles fazem, nos permitem olhar por outro ângulo. Uma coisa que nos ajudou muito foi a vinda da Juliana que nos auxilia a buscar parceiros e levar para o mercado da moda de uma maneira bonita, sustentável com uma história para ser contada. A comunicação melhorou muito e passou a fazer a Lenzing ser mais conhecida. Isso nos ajuda enquanto tecelagem porque nós somos parte do processo. A gente conseguir chegar ao mercado final de uma maneira redonda é muito importante”, diz Ivna Barreto, gerente de marketing e magazine da Canatiba Textil.
“A Santista, atualmente não utiliza fibras da Lenzing na coleção, embora consideremos a fibra importantíssima para a busca por conforto e fluidez que vem de encontro às demandas das pessoas em todo o mundo”, comentou Sueli Pereira, Gerente de Comunicação e Moda da Santista Jeanswear.
“A Lenzing é mais do que um fornecedor para nós; é um verdadeiro parceiro com valores alinhados aos nossos, que nos ajuda a impulsionar a sustentabilidade e a inovação no denim, transformando positivamente a indústria. Essa parceria não apenas permite a criação de produtos diferenciados, mas também promove a moda consciente”, afirma Renata Guarniero, gerente de marketing da Vicunha.
Fonte: Vanessa de Castro | Foto: Equipe Guia Jeanswear