O SPFWN55 aconteceu entre os dias 25 e 28 de maio invadindo diferentes espaços na cidade. Antes, focado principalmente, em um só local como a Bienal, no Parque Ibirapuera, as últimas edições vêm se espalhando cada vez mais pela cidade de São Paulo como o Shopping Iguatemi, Senac Lapa Faustolo e Komplexo Tempo, sem falar nas inúmeras locações criativas e provocativas como o Theatro Municipal, escadarias do Edifício Copan, onde aconteceu o desfile aberto ao público, do Projeto Ponto Firme, de Gustavo Silvestre.

Um dos eventos mais importantes da América Latina, com mais de 25 anos de história, se consolidou como termômetro de tendências, presenças vips e estreladas e o sucesso de marcas, modelos, designers e a equipe de backstage que faz tudo acontecer.
Paulo Borges, idealizador do SPFW teve a ideia de organizar o calendário de moda nacional e iniciou o projeto como Morumbi Fashion.
E vocês já perceberam quais mudanças aconteceram durante esse tempo?
A primeira delas, no pós-pandemia, foi a transmissão online das apresentações, além de fashion films, onde as marcas apresentam somente desfiles virtuais.
O SFPW também vem se engajando em temas com foco na sustentabilidade (isso já acontece há um tempo, principalmente com seus cenários reciclados e compensação de carbono), sociais e tecnológicos unindo nosso mundo atual diverso com um mix de estéticas, corpos, raças, idades, estilos e universos coletivos.
A roupa, a música, a palavra, a voz e todo o contexto de cada marca fala diretamente com seu consumidor transmitindo sensações, experiências, valores, discursos e muito mais do que tudo isso: “ações reais”.
Ao longo do tempo passaram pelo evento, grifes como Forum, Rosa Chá, Ellus, Zoomp, Colcci, que fizeram história no início dos anos 2000 juntamente com estrelas internacionais e a top model Gisele Bündchen, presente em diversas edições.
Hoje não há mais estações pré-definidas, grandes conglomerados foram substituídos pela moda autoral, artesanal, única, exclusiva, comercial, mas ao mesmo tempo, com identidade e, principalmente com a cara do Brasil, sem ser caricato, abraçando ainda outras culturas, sem buscar lá fora, o que temos de mais rico aqui mesmo, em nosso país.
João Pimenta abriu o calendário de moda comemorando 20 anos de história com sua alfaiataria precisa, porém repleta de volumes, rendas, transparências, referências vitorianas, bordados, ilhoses, jacquards e nosso querido denim raw em novas proporções.
O baiano Isaac Silva se apresentou na Ocupação 9 de julho e, trouxe a coleção Banho de Axé em peças confortáveis, repletas de cores e estampas e o denim com lyocel em bloco de cores em modelos que ganham volumes.
Gefferson Vila Nova estreou no evento com sua moda streetwear masculina descomplicada em tons neutros e o jeans mais uma vez, super limpo em peças utilitárias.
Mais uma marca que volta os olhos para nossa riqueza cultural – aqui o paisagista Burle Marx foi o homenageado com flores e folhas pontuais e discretas.
O crochê faz sucesso na passarela de David Lee juntamente com a laise e algodão em diferentes tonalidades.
A Amazônia foi a inspiração para Mauricio Duarte, estilista manaura exaltando o povo indígena com uma alfaiataria moderna.
E, o que falar de Walério Araújo com sua homenagem à Elke Maravilha? Não poderíamos esperar menos do que muito brilho, mix de materiais, volumes, e um arco-íris de tons vibrantes tudo com glamour, em strass, cetins, tules, franjas, laminados, musselines, tafetás e, super botas que acompanham toda a sofisticação fashion.
A marca carioca The Paradise, que estreou no SPFW, seguiu o brilho dos anos 80, mesclando diferentes referências lúdicas com estampas únicas em um desfile performático.
Já o casting de Fernanda Yamamoto veio repleto de amigos e clientes com diferentes idades, corpos e estilos, provando ainda mais que as passarelas nunca mais serão as mesmas, com pessoas “reais”.
E a Dendezeiro que segue sua cartela de cores inspirada nos tons de peles, incluindo aplicações em sarja que lembram as manchas de vitiligo, além interferências que remetem às estrias, celulite, sardas e peles albinas.
A rica poesia de Cora Coralina serviu como pano de fundo do denim com toques artesanais da marca goiana, Thear.
Neste SPFWN55, que propõe os temas Origens e Ressignificar, vemos muito mais do que simples tendências de moda que vão e voltam, muito mais do que falar de shapes e tecidos é falar sobre histórias, pessoas, comunidades, tribos, diversidade, sobre nosso passado, anseios atuais, com a tecnologia do futuro.
Essa é a moda brasileira que desponta cada vez mais por aqui e atravessa as fronteiras para influenciar outros locais pelo mundo.
Fonte: Vanessa de Castro | Foto: Divulgação.
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