A linha do tempo do jeans sempre foi marcada por mudanças conduzidas pelas necessidades reais das pessoas. E se a demanda inicial era de proteção e ao longo da história mudou para moda, luxo, protesto, subversão e até sustentabilidade, os fatos recentes indicam que ele voltará a ser visto como um manifesto anti-consumista.

Só ele é capaz de lidar com essa dualidade de ser moda e ao mesmo tempo negá-la completamente. Independente da pausa ocasionada pelo período de quarentena que estamos vivendo seja longa ou breve, o comportamento do consumidor pós-isolamento ao Covid-19 incontestavelmente vai estar diferente.
A moda precisará ter coerência para se validar, e vestígios de afetividade e manualidade representarão o grande desabafo do consumidor através do estilo. Como um casulo intuitivo para uma tomada de consciência maior, a experiência pós confinamento vai se sobrepor como um valor principal ao senso coletivo.
A apenas algumas gerações atrás, meias, casacos e calças eram condenadas ao uso prolongado praticamente até a exaustão, graças à prática de remendos, reparos e cerzidos improvisados. Após o surgimento das cadeias de fast fashion, um buraco ou rasgo em uma camiseta ou vestido passaram a representar seu fim.
Os caminhos apontam que esta estratégia irá emergir novamente, sendo retomada como um hábito. E a tendência já tem nome: “visible mending”. As hashtags “mendingmatters” e “menditloveit” já começam a se multiplicar no Instagram, respaldadas pelo livro que apologiza o hábito. Da autora Katrina Rodabaugh, a publicação com o título “Mending Matters” (em tradução livre, Remendar Importa) já era conhecida desde 2013, mas devido ao contexto volta a ganhar fama.
Para além do hábito do consumidor final, aplicar a proposta da manualidade em estoques tende a ser uma solução criativa e de bom tom para o contexto atual e perante o julgamento do consumidor. Produtos envolvendo trabalhos comunitários e abordando coletividade, provavelmente farão mais sentido e essa busca, como já se torna evidente, permanece iminente nas redes sociais.
Por esse motivo, agrupamos modelos de jeans e outerwear denim, diferenciados por cerzidos e remendos aparentes. A curadoria envolve imagens correspondentes ao Verão 2021 nacional de feiras, showrooms e também seleções de influencers de redes sociais.
Para colocar esta estética em prática no momento oportuno, pense em bordados de comunidades ou grupos de upcycle atuando e comunicando a procedência Made in Brasil. Idealize o engajamento dessa transformação por meio de jovem talentos, que irão encontrar nesse tipo de atividade, uma oportunidade de ingresso na vida profissional realizando-se através de um trabalho único e autoral.

Fonte: Vivian David | Foto: Reprodução
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