A moda das ruas e dos clubes noturnos girando em torno dos anos 80. Este foi o ponto
de partida inspiracional para a coleção apresentada pela grife Roberto
Cavalli, em Milão. O mix em denim como sempre, foi corajoso, numeroso e
exótico. Mas desta vez não por mérito exclusivo das texturas e estampas: o
experimentalismo também se fez notar na estrutura das peças, na cartela de lavagens e
nos trabalhos artesanais.
Cavalli sugeriu a aparência do denim em três diferentes leituras: na
primeira, prevaleceram as lavagens ácidas em tons coloridos, como o rosa, o roxo
apagado e o verde piscina aquarelado: todos jogados em fisionomias-chave da década
em questão. Nesta categoria, tivemos perfectos irregulares, skinnies de ganchos longos
em tons pastel, vestidos estruturados e manchados, e ainda, o denim colorido em
franzidos noturnos, vazados sedutores, e longas saias rabos de peixe.
Já no quesito estrutura, a grife propôs as assimetrias, e a
desconstrução como forma de modernizar o jeans. Assim, para além da five
pockets, tivemos skinnies e shorts de cintura elevada, diferenciados por
braguetas inclinadas e aparentes, e quadris destacados por recortes transversais. A
fisionomia mais convencional também apareceu, porém variando larguras de cós e
substituindo passantes por aletas.
As texturas com gosto exótico sempre marcantes do trabalho de Cavalli, tomaram a
forma de um rico trabalho elaborado a partir de rasgos e correntes de
metais, os quais rabiscaram a superfície do índigo de forma orgânica.
A feminilidade com que a grife apresenta o denim na coleção coloca, sem dúvida, o
sortimento de Cavalli no patamar das influências para o território
nacional. Algumas peças já nascem com apelo comercial pronto, como as jaquetas,
coletes, shorts e alguns vestidos. Temos lavagens sedutoras, colocadas em peças
extremamente funcionais e aparências enfeitadas por correntes que reafirmam o espaço
das leituras carregadas de enfeites na estação. A grife coloca os anos
80 dentro das inspirações noturnas relacionadas à moda festa que vieram à
tona nas temporadas de Londres e Milão e, com seu sortimento, traduz a década em
diversas interpretações desejo aptas a ostentar o adjetivo usável.