Patches, visual reformado, atitude boemia e punk. Junya Watanabe, sempre alimentou o segmento denim com tais referências de afronta. Em 2013, vislumbrou com antecedência o valor do upcycle para o segmento. Um caminho que a grife veio evoluindo desde então, sempre com um casting de cabelos coloridos, marcado por estéticas roqueiras e hipongas. No ano passado, o estilo da grife chegou ao ápice da rebeldia, desafiando os limites da desconstrução no material, com vestidos partidos ao meio por diferentes materiais. E qual foi à surpresa do grande público em Paris, na temporada atual, quando a designer conseguiu apresentar uma coleção delicada – sem trair suas típicas falas de estranhamento e subversão.
O inverno 2019 de Watanabe chega a este equilíbrio, com casting e estilo inspirado nos animes japoneses. Modelos com cabelos cor-de-rosa ostentando penteados infantis e tapa-olhos, desfilando em duplas, foram mensageiras dessa feliz transição. As criações chegaram muito próximas de um mosaico híbrido de estampas, criando uma atmosfera de sedução inocente e casual. Vestidos de baile do Século XIX foram o ponto de partida para as emendas precisas de cores e padrões contraditórios. A grife destacou golas altas, caimentos fluidos, abotoamentos e mangas antigas explorando florais de diversos estilos, e padrões decorativos.
O denim (que sempre foi o material chave da grife), na maioria dos looks, promoveu o experimentalismo entre comprimentos, revelando-se parcialmente nos looks. Nas produções onde o floral se alongou, apresentou-se no formato jeans ajustado, calçando botas longas. Alternando entre lavagens médias e black denim, e superfícies lisas ou completamente rasgadas; o entrepernas do jeans apresentado oscilou da silhueta super skinny à reta. Mas como consenso, na maioria das produções, favoreceu a leitura vestido ou saia da parte superior das composições, atuando como camada dupla na parte inferior do look. Efeito de meia-calça – ainda que com medidas excedentes – assim foi a leitura do jeans ao longo da apresentação.
Jaquetas essenciais, também foram contempladas, expondo camadas internas mais longas e esvoaçantes como protagonistas efetivas da composição. Um outerwear, que também agrupou jaquetas puffer e bomber curtinhas em um primeiro momento; e evoluiu para blazers extremamente formais no decorrer do desfile. Nada parece combinar, tudo parece beirar o excesso – mas o resultado final foi extremamente leve, romântico e decorativo. Excelente referência para o perfil da teenager sensível e sonhadora. E também para o target da mulher madura e sofisticada – e porque não? Basta trocar as botas pelos escarpins, e o make conceitual pelo retoque do batom de todo-o-dia.
Fonte: Vivian David | Fotos: Watanabe