Vestidos mais luxuosos, femininos, totalmente distantes da leitura familiar do icônico chemisier. Macacões longos, relaxados, buscando no contorno da silhueta pantalona. Saias, incluídas no hall das peças-chave que promovem camadas; graças às versões longas somando bainhas e comprimentos. A temporada de desfiles ready-to-wear apresentada em Nova Iorque, simplesmente confirmou que o denim está passando por um novo ciclo evolutivo, colocando-se como um tecido desejo em evidência na alta moda, não necessariamente associado à linguagem familiar do aspecto jeanswear.
Os estilos, transitaram entre o luxo, a simplicidade, e o streetwear; propondo principalmente os comprimentos longos e amplos como silhuetas desejo da estação. As interpretações com mise em scène maior vieram das construções rebuscadas de vestidos de Carolina Herrera: babados, saias rodadas de sonho e ajuste de corselet marcado por pespontos pontuaram deram o ponto de partida da coleção. Após estas peças mais conceituais, a estética se desdobrou em versões mais comerciais: vestidos estruturados em fendas sedutoras, diluídos no aspecto provocante do trench-coat. Desta mesma peça-fetiche do outerwear, também tivemos a sugestão de um ítem desejo em si, através dos numerosos looks propondo-o como agasalho ideal de composições leves e femininas. As saias, por sua vez, apresentaram com forma direcional a construção envelope tubular, muitas vezes dispensando o transpasse em prol de fendas reveladoras de ricas camadas. Tudo sempre desenhado no aspecto azul amaciado, em tecido pesado e estruturado.
Já no mix de peças-chave inspirados no desapego, o denim foi mais leve, agregou o sopro, os babados, os ganchos caídos e o humor relaxado. Vestidos com cinturas e bustos franzidos, ombros à mostra, e versões camponesas longas quebradas por tecidos leves e estampados caracterizaram o tópico. Delavés, tons macios, e caimento evasé foram os contorno sugeridos, inclusive para os macacões, que priorizaram o entrepernas pantalona, e incorporaram belos efeitos de degradê.
E depois de apresentar a mulher glamourosa, a moça zen; por fim Nova Iorque trouxe o denim com jeitão de rua e aldeia global. Este, variou do corte essencial da saia mídi moderninha, no visual descolado do top cortininha e jaqueta; às longas esportivas camadas soltas, atuando quase como anáguas aparentes. Nestas, a saia como camada mais interna, atuou como complemento de maxi-camisas de colarinho e tênis. Os vestidos, lembraram a t-shirt podrinha em comprimentos maiores; e o complemento superior ideal proposto foi a jaqueta essencial volumosa e o colete em comprimentos mais alongados. De salto, sneaker ou pés descalços; ao que tudo indica, o Verão 2017 vai apostar no denim como matéria prima da feminilidade, nas mais distintas versões.
VIVIAN DAVID | FOTOS: REPRODUÇÃO