Casa de Criadores traz denim com foco na sustentabilidade, street e sportswear autoral

No último dia 30 de julho, chegou ao fim a 48ª edição da Casa de Criadores. Aqui, reunimos os destaques do evento, que ocorreu de maneira online. Confira abaixo:

Diego Fávaro

O estilista traz a coleção “Tubulação” e aborda os sentimentos que vêm permeando o confinamento devido à pandemia, onde entram a angústia, amor, medo, felicidade e julgamento. Traduzindo em roupas, surgem vestimentas de proteção e elevação da energia pessoal dentro de casa, com foco em peças confortáveis, com tecidos tecnológicos, práticos e aconchegantes com matelassados, veludo cristal e a sarja em calças oversizeds ou cargos com detalhes de faixas com inspiração no sportswear.

Estúdio Traça

A coleção “Rude Girls” do estilista Gui Amorim faz uma viagem à década de 80 e aposta em um estilo musical do reggae onde eram comuns os looks com hotpants, regatas amplas e blusas transparentes com a lingerie à mostra. E, claro, que aqui a marca traz também nosso querido jeanswear permeando as produções coloridas e cheias de estilo.

Pense no denim mais pesado, estruturado, com sobretingimento que passeia entre o rosa e acinzentados e marmorizados em looks no total jeanswear com formas amplas e volumes. Destaque para o macacão com zíperes aparentes, calça pantalona com pregas, shorts com palas dobradas e mix de tecidos, saias com babados e jaquetas que ganham mangas mais largas.

Gefferson Vila Nova

Com inspiração nos macacões dos profissionais da linha de frente ao combate do Coronavírus, o designer baiano, desenvolveu uma nova modelagem a partir da parka para todos os corpos e gêneros. Mas não pense em peças sem graça, usadas em hospitais. Sua coleção intitulada “Das”, que significa exatamente uma moda sem gênero, aposta no sportswear leve e moderno juntamente com alfaiataria contemporânea e o streetwear

“A edição limitada nasceu totalmente mergulhada nos processos reciclagem (recycling) e reutilização (upcycling), através da utilização de tecidos de fibras naturais e tecnológicos, que contam com o apoio da Vicunha Têxtil e Santista Têxtil. A dinâmica inclui ainda a garimpagem dos têxteis reafirmando a essência criativa da marca que investe, desde seu surgimento em 2013, em uma proposta circular para o universo fashion”, afirma o estilista.

Suas peças trazem o frescor da estação mais quente do ano em tons alegres como o amarelo, vermelho, laranja, além do branco, preto e dourado em shapes leves com toques futuristas, praticidade e o conforto que a moda pede atualmente.

Destaque para as famosas parkas, shorts, camisas e calças com recortes, mix de tecidos, amarrações e ilhoses, além da linda estampa floral.

Ateliê Criativa Vou Assim

Ateliê Criativa Vou Assim apresentou o VOU ASSIM FASHION SHOW, coleção resultante do Curso de Moda, costura Upcycling e Transmutação Têxtil, que contou com a mentoria de grandes artistas: Bioncinha do Brasil, Alecrim Rosemary Vicenta Perrotta e Phel, com a participação de 11 estilistas. “Dividido em 6 Blocos, o fashion show, para além de moda e comportamento, apresenta alguns lançamentos fruto dessa produção que, além dos artistas mencionados, englobou mais de 90 corpas dissidentes e pessoas LGBTTTQIA+ periférica”, conta a marca.

Aqui, o jeans, a sarja de algodão, entre outros tecidos são reciclados e reutilizados em novas técnicas do upcycling em modelagens inovadoras, criativas e totalmente artísticas. Portanto, retalhos viram tops, calças se transformam em jaquetas ou saias, além de pinturas, estampas e desenhos que seguem o conceito artístico do feito à mão. Volumes, recortes, vazados, aviamentos diferenciados e a roupa como uma tela de arte e forma de protesto são os destaques desse coletivo de artistas.

PIM

Em mais uma temporada na Casa de Criadores o ‘Periferia Inventando Moda’, projeto PIM, apresentou o resultado de trabalhos de democratização da moda através de 5 marcas: X Brand (Alex Santos), Riddim (Monica Barboza), Couto Store (Mateus Couto), Volat (Leticia Cortez) e Dellum (Brunno Dellum).

“Fundado em 2014, em São Paulo, pelo estilista Alex Santos, o projeto capacita profissionalmente jovens periféricos (LGBTQ+, negres, indigenes e pessoas com deficiência) para atuarem ativamente na indústria criativa, propondo uma postura mais autônoma na construção da identidade e cultura dentro das periferias”. O projeto recebeu o apoio da Sou de Algodão, Vicunha Têxtil e Santista Jeanswear.

A marca Dellum traz a coleção “Re-Creation” que busca inspiração na reconstrução, nos ciclos da vida. As sarjas de algodão, com toque macio e visual clean podem ser vistas em looks de alfaiataria assimétricos, em vestidos longos, macacões e saias.

A marca X Brand aposta nos quatro elementos (água, fogo, ar e terra) em peças repletas de sentimentos e força com foco ainda na sustentabilidade onde foram utilizados acessórios a partir de materiais descartados como cápsulas de café, além do algodão. Nesse conceito, o denim surge em lindas criações com patchwork em diferentes lavagens e mix de tecidos em saias, tops, calças e casacos no estilo quimono. O denim bruto e rústico também surge em modelagens amplas e com recortes com aspecto hand made. A mistura de tons terrosos e vivos acompanham as sarjas nos looks autorais.

A Volat Brand traz a coleção “À Margem”, onde faz uma releitura dos ideais que criaram artigos da indumentária percussora do streetwear, movimento que surgiu na década de 80 e une música, dança e moda. “Nossa ideia é compor um estilo que retrata a essência urbana e cultural de cada comunidade ou tribo ao redor do mundo, através de roupas e acessórios ligando a imagem ao comportamento, mentalidade e estilo de vida das pessoas”, conta a marca. Aqui conforto e design são vistos em moletons, calças cargo, camisas, tops e vestidos com vazados.

A Couto Store brinca com cores e estampas, sem abrir mão do conforto e autenticidade em suas peças. Os tons neons fazem sucesso em looks que mesclam a alfaiataria divertida juntamente com toques esportivos em calças com elástico, matelassados, animal print e bordados.

A Riddim traz a coleção “Riche Femme Noire”, com inspiração na cidade de Paris, unindo os conceitos urbano, chic, glamouroso juntamente com o estilo esportivo. O autêntico White denim e o pink fazem sucesso com detalhes de franjas, costuras coloridas, cordões e aviamentos dourados. Modelagens amplas se contrapõem a peças mais justas em leggings e bermudas.

Oroomin

A marca da estilista baiana, Denise Salles, estreia no evento com fragmentos da coleção “Ecdise”, inspirada no processo natural de alguns animais de rompimento, liberação e descarte do exoesqueleto antigo, dando lugar a um novo.

As peças foram produzidas através de uma linguagem adaptativa e experimental, a partir de técnicas de experimentações manuais e têxteis. “A peça casulo foi construída em tecido de organza texturizado com alfinetes. O tecido é mergulhado em água fervente por algumas horas e depois colocado no congelador para receber um choque térmico, gerando assim texturas irregulares e avolumadas”, conta a estilista. Alguns modelos também receberam pinturas à mão no denim em tons de azuis vivos, pink e o black com leves esbranquiçados que surgem em modelagens amplas, com volumes e aberturas frontais.

Leandro Castro

Com apoio da Vicunha Têxtil e Santista Jeanswear, o estilista de São Paulo que trabalha com tiragens únicas e sob medida, traz a coleção “Luz” que reflete a pesquisa sobre as vivências sensoriais da própria luz, essencial para a vida no planeta, além das pequenas luzes que trazem esperança, amizade e o sonho e se fazem presentes mesmo no escuro.

As peças foram construídas apenas com sarjas de algodão em duas tonalidades de branco e técnicas experimentais de estamparia manual com texturas e modelagens retangulares que seguem a baixa geração de resíduo têxtil. Dentro desse contexto surgem a camisaria, maxi casacos, pantalonas e jaquetas com amarrações, pregas e zíperes aparentes, tudo minimalista, mas ao mesmo tempo, em construções arquitetônicas.

Dendezeiro

A Cor de Pele foi o ponto de partida da coleção da marca que traz diferentes tons de pele como as negras, dos indígenas e algumas especificidades como o vitiligo, sardas, pessoas albinas, peles com estrias…tudo isso para desmistificar os conceitos racistas sobre essas tonalidades.

Além disso, o desfile contou com o lançamento de um novo braço comercial da marca chamada Dendezeiro Tropical, que consiste na fusão dos estilos streetwear e beachwear formando um conceito chamado pela marca de Street Swim (nado das ruas/ nadar nas ruas), onde mistura-se ousadia e personalidade em sua construção.

Destaque para as peças em sarja em diferentes tons de bege em macacões com zíperes, calças com uma profusão de bolsos, no estilo cargo, camisas, casacos com golas altas, elásticos, ilhoses e pinturas manuais e o denim crú com franjas, amarrações e vazados.

Vivão Project

A marca trabalha o denim como obra de arte com pinturas no artigo com aspecto de couro ou nas sarjas em modelos com recortes, vazados, formas ajustadas ou amplas.

“A coleção Vivão Project 2022 mostra que a arte é mutável e permanente, o mundo caminha para diversos declínios, porém existe uma ponte que pode nos levar a uma estrada fértil, no espaço tempo, que é próspera e compatível com as necessidades do agora e do futuro, essa comunicação ancestral chamada arte”, comenta a marca.

Fonte: Vanessa de Castro | Fotos: Reprodução