Painel no Fashion Meeting aborda DNA criativo no Brasil

Durante a 9ª edição do Fashion Meeting, que aconteceu entre os dias 2 e 4 de maio no Museu da Imagem e do Som (MIS), tendo como tema “Brasilidades”, diversas palestras e bate papos sobre a moda no Brasil foram realizados. Entre eles, houve o painel “DNA Criativo“, que abordou como a cultura nacional influencia no processo criativo de um designer contemporâneo.

Mediado por Patrícia Carta, diretora da Carta Editorial e Publisher da Harper’s Bazaar Brasil, o painel recebeu os estilistas Cecilia Prado, Kika Simonsen, Emanuelle Junqueira e André Boffano, diretor criativo da Bobstore e da Modem, além de Isabela Frugiuele, diretora criativa da Triya. Confira os assuntos abordados!

Processo Criativo X Exportação

Segundo André Boffano, o processo criativo para o mercado interno e externo é o mesmo. Isto porque a moda é globalizada, tanto na marca própria quanto na Bobstore, com propostas minimalistas e conceituais. Já Cecília Prado, da marca de mesmo nome, que trabalha o handmade em tricô e crochê em versões bem atuais e vende para mais de 20 países afirmou que leva o DNA de sua marca para o mundo com muitas cores e uma pegada mais contemporânea.

Diversidade e empoderamento feminino

Para Isabela Frugiuele, da Triya, cada coleção conta uma história e o empoderamento vem como parte desta narrativa, com uma moda praia bem criativa e para todos os tipos de mulheres. Além disso, a marca traz pela primeira vez uma linha masculina. “A nossa consumidora precisa se sentir bem usando uma moda leve, colorida e jovem”, afirmou.

Moda noiva

Emanuelle Junqueira, estilista famosa por seus vestidos de noivas modernos e que veste celebridades como Laura Neiva, contou que o segmento antes não era visto como moda, mas ela sempre trabalhou com diferentes referências, inclusive busca inspiração nas histórias das clientes.

Arte X Moda

Para André Boffano, a arte sempre é o ponto de partida de uma coleção: “Moda e arte andam juntas”. Já Cecília Prado trabalha muito o artesanal, a memória afetiva em suas peças. A estilista Kika Simonsen, que desenvolve estampas exclusivas diz que a arte entra desde a criação e que é preciso saber olhar para os diferentes conceitos artísticos. Sua coleção atual vem inspirada no Marrocos.

Quais as dificuldades enfrentadas durante o processo criativo?

A falta de mão de obra foi uma questão levantada pela maioria. Patrícia Carta disse que atualmente, quem faz faculdade de moda, quer ser estilista e não se interessa pela modelagem. Segundo ela, os estilistas precisam entender todo o processo, incluindo a parte técnica.

Para Cecília Prado, não adianta “pirar” no processo criativo e não desenvolver uma roupa comercialmente possível. Já Isabela, conta que adapta suas peças conceituais apresentadas nos desfiles para a loja. Emanuelle diz que formou uma equipe afinada e, que trabalha com ela há bastante tempo e isso é essencial para sua marca que passa por vários processos manuais como os bordados.

Como driblar o fast fashion e valorizar o slow fashion?

André acredita que o melhor jeito de ajudar o mundo da moda é consumir local e valorizar o nosso produto, criando uma tradição com peças de qualidade e não apenas o fast fashion. Ele acrescenta que a marca precisa também ter identidade.

Cecília afirma que sua marca já segue o slow fashion, porque demora para ser produzida, tem muitos detalhes, valorizam a qualidade do tecido e a atemporalidade em suas coleções. “Mantemos nosso estilo, mas otimizamos tempo produzindo também à máquina, sempre mantendo a qualidade do produto”, disse. Kika comenta que cria peças que têm história, por isso elas são eternas.

Sustentabilidade X Consumo Consciente

Cecília conta que a sua marca reutiliza sobras de retalhos para criar peças em patchwork. A Triya participa de diferentes projetos sociais como a utilização de restos de tecidos para a fabricação de bonecas que são vendidas por instituições de caridade com renda revertida totalmente para eles. Isabela conta ainda que estão iniciando uma nova ação para a limpeza das praias e, além disso, os saquinhos e tags de seus produtos são biodegradáveis. “A maioria de nossas peças é feita com tecidos sintéticos, então tentamos compensar isso de alguma forma”, afirma.

Kika conta que sempre trabalhou com algodão reciclado e Emanuelle lembra que é preciso valorizar a mão de obra, incluindo aí, boas condições de trabalho. Ela também reaproveita restos de tecidos e participa de projetos sociais, como um casamento coletivo, no qual doou os vestidos de noiva.

Imagem de moda: Redes Sociais X Desfiles

Para André, as redes sociais são uma vitrine, mas os desfiles também são muito importantes porque conseguem apresentar o lifestyle e o DNA da marca. São ferramentas complementares. Isabela da Triya concorda e acha que os desfiles contam uma história.

Collabs

A Triya já fez diferentes coleções para fast fashion como C&A e Riachuelo, no qual Isabela vê o trabalho como um agregador, que pode oferecer seu produto à diversos consumidores com preços mais baixos. Cecília segue a mesma linha e admitiu que unir forças é sempre bem-vindo. André sempre realizou parcerias e Emanuelle acha que o consumidor busca por essas colaborações entre as marcas.

Fonte: Vanessa de Castro | Fotos: Igor Kalinouski