Santana Textiles promove Blue Day 2021 com final do concurso Inova Denim

A Santana Textiles promoveu, no último dia 13 de maio, mais uma edição do Blue Day para apresentar os principais lançamentos da companhia. Com apresentação de Mariana Weickert, o evento online contou com a presença do escritor e consultor, especialista em design para sustentabilidade, André Carvalhal que abordou o tema “O Futuro da Moda”.

Mariana Weickert e Alexandre Herchcovitch

Além disso, o evento foi sede da final do concurso Inova Denim com desfile das criações dos seis finalistas que receberam a mentoria de Alexandre Herchcovitch. “O objetivo do concurso é enxergar o denim de uma maneira diferente, através de seu caráter inovador e democrático presentes nas peças dos concorrentes”, comentou o estilista.

A grande vencedora do concurso foi Gabriela Rodrigues, do Rio de Janeiro, que buscou inspiração na Floresta da Tijuca em um vestido opulento e funcional trabalhado com recortes do upcycling que formavam padronagens que remetiam ao tema, além de um bolero somente amaciado.

A participante ganhou uma imersão na À La Garçonne, de Herchcovitch, onde vai poder vivenciar o processo de criação da marca, além de 120 metros de tecido da Santana Textiles e uma máquina de costura da Andrade Máquinas.

Já o segundo lugar ficou com Michelle Akamine, de São Paulo, que ganhou como prêmio, 80 metros de tecido, e o terceiro lugar foi de Eduardo Gonzaga, que recebeu 50 metros de tecido.

Final do concurso Inova Denim

Lançamentos

Airam Pagliosa, coordenadora de produto e marketing da Santana Textiles, apresentou os quatros lançamentos da temporada com descrição dos artigos e desfile. “Essa coleção vem baseada em dois pilares: o momento em que estamos passando hoje que vai determinar o perfil do consumidor e do cliente para o futuro da moda e, a sustentabilidade”, afirmou.

Dentro da linha Sustentare (baixa concentração de corante índigo) surge o Cancun, com 82% de algodão, 16% poliéster e 2% elastano, stretch de 32%, peso de 8,5oz, 1,52 de largura e construção 3×1, no tom baby blue. Essa linha proporciona a redução de até 85% de corante índigo no seu tingimento, o que possibilita a economia em 50% de água e em 66% na geração de carga orgânica no efluente, além de proporcionar melhor performance no beneficiamento têxtil realizado na lavanderia.

Aqui foram apresentados modelos como o macacão amaciado, calça capri com sky bleach reforçando o contraste de cor e marcação de costura e a jaqueta masculina totalmente descarregada no estilo esportivo, com punhos.

O Kraft vem no 100% algodão, com peso de 10,5 oz, 1,69 metros de largura, tingimento blue e construção em sarja 4×1, bem marcada, o que garante um aspecto mais rústico ao tecido. Aqui entram jaquetas estruturadas e lavagens com destroyers como shorts com desfiados e barras assimétricas e, jaquetas com desgastes.

Já o Krug, também no 100% algodão, surge com 1,72 metros de largura, 10 oz e sarja 3×1, na cor black/blue e uma enorme versatilidade em lavanderia, onde podem ser trabalhados desde amaciados até tons mais claros com sky bleach ou descarregamentos, sem puxar para o acinzentado. Aqui temos como exemplo, peças em chemise, jaqueta trucker masculina, calças retas e croppeds com rasgos e jaquetas femininas com assimetrias.

O Vulk ganha tingimento especial e vem no 100% algodão, com 10 oz, 1,70 metros de largura e sarja 3×1 no ultrablack, tingimento black no urdume e na trama. Destaque para as jaquetas somente amaciadas, bermudas com marmorizados e tonalidades que chegam aos acinzentados.

“A alta qualidade de nossos produtos vem de uma soma de fatores como a busca pela melhor matéria-prima, maquinário, profissionais e investimentos em tecnologia”, comenta o diretor comercial, Antônio Manzarra.

O Futuro da Moda

Para falar sobre o futuro da moda, ou “os futuros da moda”, como ele prefere, André Carvalhal, relembrou os temas de seus últimos livros que contam a trajetória do comportamento do consumidor e do mundo fashion e, seus aspectos culturais, sociais e ambientais.

A publicação “A Moda Imita a Vida”, que começou a ser escrita há 11 anos, fala sobre o auge dessa cadeia que se beneficiou da revolução digital com a internet e foi democratizada através das fast fashions. Já o segundo livro “Moda com Propósito” surgiu no momento em que, o mercado começou a ser questionado através de notícias como trabalho escravo e as questões sobre o meio ambiente, entre outros.

Começaram a ser debatidos assuntos como o upcycling e novos modelos de negócios como a reciclagem, lojas de aluguel, brechós e até novos calendários do varejo. Muitas pessoas e empresas simpatizavam com essas ideias e, algumas até investiram em diferentes estruturas e ações com foco na sustentabilidade, porém, segundo, Carvalhal, nada disso ainda tinha explodido.

Foi aí que surgiu o terceiro livro, o último da trilogia “Viva o Fim”, escrito em 2018. “Para promovermos qualquer tipo de mudança, de transformação no mundo, precisamos mudar as estruturas, todos os agentes que estão conectados. Precisamos que surja uma nova educação, política, criação […] Comecei a ver todas as conexões que existiam entre essas coisas no mundo […] A revolução precisa ser coletiva, sistêmica”, comenta Carvalhal.

Ele diz que as pessoas queriam, sim, fazer algo diferente, mas encontravam barreiras e dificuldades no mercado e no mundo. E como tudo acontece em ciclos, é necessário um se fechar para outro se abrir. Para o escritor, é “como se aquele mundo tivesse perdido sentido, acabado, só que mesmo assim as pessoas estavam agarradas ao passado, às estruturas, aos formatos que aprenderam a trabalhar, viver e sentiam-se mais confortáveis, mesmo sabendo que não tinham mais retorno, até mesmo financeiro”.

André Carvalhal

“Esse livro veio dessa observação, desse entendimento e necessidade de transformar e refazer o mundo e entendi que conseguiríamos fazer essa virada para algo mais consciente, sustentável, se a gente, de fato, conseguisse se despedir daquele modelo antigo que a gente estava vivendo”, comenta Carvalhal, que ainda afirma que precisamos aceitar o que acabou para construir um mundo novo e se continuarmos como antes, estaremos contribuindo para o fim da nossa existência, com o esgotamento dos recursos naturais da Terra.

Muitas coisas mudaram e aceleraram, principalmente com a pandemia. Hoje, para ter uma marca, por exemplo, basta ter um celular. Antes era preciso criar uma loja, campanha, coleção, funcionários.

“A indústria da moda estava obsoleta e estamos falando disso faz tempo, mas poucas foram as empresas que mudaram e essa resistência causou o fim de muitas marcas, isso por causa da mudança de comportamento do consumidor, seja pela falta de dinheiro, seja pela consciência….estamos caminhando para o fim do consumo exagerado”, diz Carvalhal

Ele ressalta este momento em que estamos vivendo que gera muitas dúvidas e incertezas. Porém, já se sabe que grandes crises, guerras e pandemias trazem novas possiblidades e caminhos, onde é possível também se renovar e quem não tiver isso claro, não seguirá em frente.

O comportamento pode ser visto através de pesquisas: 91% dos brasileiros acreditam que as empresas deveriam dar a mesma importância para os negócios e para a sociedade em que estão inseridas. Já 71% só consomem produtos e serviços que geram identificação com seus valores, ideias e crenças. E 55% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por marcas que tenham propósito. Todos esses dados já seriam suficientes para gerar mudanças na indústria da moda.

Moda no Pós-Covid

“Não vamos ter somente um comportamento de consumo, mas vários, como acontece atualmente. A grande tendência da moda é o fim das tendências. Isso não significa que não teremos mais os comportamentos dos consumidores criando tendências”, comenta Carvalhal, que destacou quatro principais comportamentos para o futuro próximo.

Cautelosos: Entenderam a necessidade de ser mais planejados, de ter mais segurança, conforto, racionalidade e uma maior preocupação com higiene, saúde e o futuro. Para esse grupo, é importante pensar em marcas e ações que tragam uma maior segurança em uma moda clássica, tradicional e atemporal.

Eufóricos: O grupo oposto ao primeiro busca uma alegria, liberdade, inovação e experimentações após tempos difíceis. Aqui entram roupas esfuziantes, sofisticadas, coloridas e, repletas de detalhes. Estes dois primeiros grupos de consumidores vão coexistir e isso vai depender do perfil da marca, idade, do nível socioeconômico.

Construtores: São os criadores de um novo mundo, entendem o papel individual de cada um, participam de manifestações, cobranças políticas, críticas nas mídias sociais e trazem uma responsabilidade maior para as marcas, influenciadores…

Simplificadores: Pessoas que vão construir o futuro de um outro jeito, sempre simplificando a vida. Elas preferem se isolar em meio à natureza, em lugares distantes, se reconectar com a família e, tudo isso muda a forma de consumir roupa.

Para Carvalhal, “os futuros da moda” serão alinhados com os próximos passos das pessoas, comportamentos e perfis de consumidores. Além disso, algo é inegociável: é necessário investir em novas possibilidades e produtos que vão contribuir com o menor impacto ao meio ambiente.

O futuro será resultado do que construirmos hoje, das nossas ações do agora”, finaliza.

Confira a transmissão na íntegra:

 

Fonte: Vanessa de Castro | Fotos: Divulgação