Seminário discute estratégias para o mercado

“A altura e a cintura são melhores indicadores do ajuste do que a idade as vendas de vestuário para criança estão sendo impulsionadas pelos avôs e pais as estratégias de comércio de compras cruzadas estão compensando na medida em que os consumidores preferem fazer as suas compras no mesmo local em supermercados, lojas de desconto e de departamento” – estas foram apenas algumas das conclusões apresentadas por diversos palestrantes presentes no mais recente seminário da Association of Suppliers to the British Clothing Industry (ASBCI) intitulado “O desafio do vestuário para criança : responder a um mercado em crescimento”.


Baseado em pesquisas derivadas de 15.000 consumidores, a Kantar WorldpanelFashion identificou que, apesar dos clientes estarem atualmente comprando menos moda infantil, eles estão gastando em média 3% mais. De acordo com a perspectiva de Ian Mitchell, diretor da empresa, a libra esterlina fraca poderá continuar aumentando os preços médios em 2011, mas ainda é muito cedo para dizer como vai afetar os gastos dos consumidores.


Mitchell explicou que nos últimos cinco anos o grupo de consumidores com mais de 55 anos (avôs) está ajudando cada vez mais a faixa etária entre os 25 e os 34 anos (pais) a comprar roupas de criança – em 2010, 25% do total do vestuário infantil foi adquirido pelos avôs.


Apesar das mulheres ainda representarem a maior parte das compradoras de vestuário infantil, os homens representam agora um quarto do mercado, um aumento de 8% desde 2006, com 56% preferindo fazer compras em grandes magazines, lojas esportivas e supermercados. Apenas 5% dos homens e mulheres compram roupas para seus filhos em lojas que só vendem moda infantil.


Com efeito, as grandes redes de moda dominam as vendas no mercado de roupa de criança, com 52% dos compradores afirmando que gostam de fazer compras para todas as necessidades no mesmo local. 75% de todos os clientes compram em lojas de departamentos, o que é uma boa notícia para empresas como Next, Asda, Tesco, Primark e Matalan, que desenvolveram bons conceitos de comércio cruzado que incentivam o consumidor a passar mais tempo em suas lojas.


Kantar prevê que os comerciantes dedicados às crianças e outras lojas especializadas vão continuar com dificuldades, especialmente à medida que as crianças com mais de 13 anos começam a rejeitar “roupas de criança”, dando preferência à moda adulta.


Estatísticas e tamanhos

“As crianças não são crianças por muito tempo”, aponta o guru da modelagem Ed Gribbin, presidente da Alvainsight. Gribbin identificou uma mudança dramática no comportamento de compra do segmento “tween”, com crianças de 8 a 11 anos adotando as preferências de compra mais sofisticadas das de 12 e 13 anos de idade.


Utilizando dados estatísticos de pesquisas recentes de tamanho, o presidente da Alvainsight explicou: “As crianças estão ficando maiores a uma taxa muito mais lenta nos países ocidentais do que na China – as taxas de obesidade nos EUA e no Reino Unido cresceram a um ritmo muito mais rápido nos anos 80 e 90 do que estão crescendo atualmente”. Gribbin acrescentou ainda que na Inglaterra, especificamente, há estatísticas que indicam que a porcentagem de crianças que está com excesso de peso ou obesidade tem realmente nivelado e pode estar ligeiramente em declínio”.


Em sua opinião, a indústria do vestuário tem exagerado em relação às estatísticas de saúde, com destaque para a cobertura desfavorável da mídia, que não pode correlacionar-se sempre com os tamanhos das roupas. Em parte, esta reação é o resultado das crianças maiores não quererem vestir “roupas de criança”, portanto, oferecer roupas infantis em tamanhos maiores, pode não ser útil.


No entanto, Gribbin salientou que oferecer tamanhos maiores para idades mais jovens como de 6 a 10 anos é absolutamente uma boa estratégia e poucos comerciantes fazem isso. “O meu conselho para os confeccionistas é de olharem para além dos números dos principais atores para uma interpretação das tendências que são relevantes para o seu negócio particular”.


Ed Gribbin também explicou que, após os cinco anos de idade, as crianças crescem em velocidades diferentes, a média entre a altura e largura nos países em desenvolvimento continuam semelhantes, mas são independentes da idade. Por isso, o empresário enfatizou que dimensionar o vestuário de criança pela idade é a forma menos viável. Ele sugeriu às marcas do Reino Unido para usarem o método europeu de dimensionamento, através da altura e cintura. Encerrando, concluiu que o fundamental para o sucesso de qualquer estratégia de modelagem infantil é a coerência: “É muito melhor estar consistentemente errado do que certo de maneira inconsistente”.

PORTUGAL TÊXTIL | FOTO: EQUIPE GUIA JEANSWEAR