Tingimento influencia reciclagem de fibras

A partir de 2025, será obrigatório ter processos de recolha independentes para resíduos têxteis na União Europeia e a Finlândia pretende ser pioneira neste desenvolvimento. Levar estes materiais para aterros já foi proibido e o próximo passo é encontrar novas formas de reutilizar os têxteis em vez de os incinerar.

Neste cenário, o instituto finlandês de investigação e desenvolvimento têxtil VTT e a Universidade Aalto promoveram um estudo em que revelaram que os métodos de tingimento e a descoloração afetam a reutilização de têxteis.

O VTT já tem uma longa investigação na reciclagem química de têxteis de algodão e na sua descoloração como parte deste processo. O instituto e a Universidade Aalto juntaram forças para analisar a compatibilidade de diferentes métodos de tingimento e remoção de cor. O estudo envolve a utilização de diferentes métodos para tingir algodão e depois descolorir os têxteis.

O corante e o método de tingimento mostraram ser decisivos na remoção da cor, o que significa, segundo um comunicado do VTT, que só é possível reutilizar eficazmente os resíduos têxteis se essa informação estiver disponível. Têxteis com diferentes tipos de corante têm de ser separados se o objetivo é remover completamente a cor para tingir novamente, mostrou o estudo.

O levantamento, batizado “Gestão da cor na economia circular: descoloração de resíduos de algodão”, que recebeu o prêmio Emerald Literati Awards de 2020 na categoria de estudos, sublinha que, à escala industrial, demonstrou que tingir e descolorar fibras têxteis tem um grande impacto ambiental. O processo consome químicos, energia e água e gera águas residuais.

Uma nova vida com a descoloração

“Descolorir gera novamente um têxtil com uma cor clara. Produz fibras têxteis que são fáceis de tingir e estampar”, explica Marjo Määttänen, investigadora principal do VTT. “Durante este processo, as fibras podem também ser purificadas de outros químicos perigosos, evitando que sejam transferidos para os produtos de fibras recicladas. Tudo isso abre novas oportunidades para a reutilização. Vestuário fabricado a partir de têxteis reciclados não tem de parecer reciclado“, sublinha.

Por outro lado, o aspecto reciclado é uma característica desejável para alguns produtos feitos de resíduos têxteis. Neste caso, idos com métodos diferentes e tentar remover o corante, destaca o estudo. Os têxteis tingidos com um método particular também podem ser identificados e recolhidos separadamente, permitindo que as cores se mantenham como estão.

“Para sermos capazes de usar resíduos têxteis, precisamos de informação do tipo de fibras que contém, os tipos de corantes e de processos com que foram tingidas e o tipo de químicos que foram usados no processo”, acrescenta Kirsi Niinimäki, professora associada na Universidade Aalto.

“Esta informação deveria ser recolhida na fase de produção e armazenada juntamente com a fibra têxtil até chegar ao produto final”, resume.

Fonte: Portugal Têxtil | Foto: Reprodução