Na busca por sustentabilidade, o mercado da moda se abre cada vez mais para alternativas que reduzam seu impacto ambiental. O tingimento é uma das externalidades dessa indústria — estima-se que sejam utilizados entre seis e nove trilhões de litros de água por ano apenas nesta etapa e que os corantes químicos sejam responsáveis por 20% da poluição da água potável em todo o mundo. Para reverter esse quadro, a indústria da moda olhou para o passado. Afinal, os corantes sintéticos só surgiram no século 20. Antes disso, os tecidos eram coloridos com corantes naturais.
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Para que os pequenos produtores não fiquem fora dessa onda, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Pará (Sebrae/PA) está capacitando empreendedores para se beneficiarem da rica paleta de cores da Amazônia, cada vez mais no gosto do consumidor consciente. A expectativa é ter cadeias aptas a atender a demanda de clientes brasileiros e do exterior que visitarem o Pará por ocasião da conferência do clima da ONU, que acontece em 2025.
Uma das empreendedoras que já está se beneficiando desse apoio é a costureira e artesã Maria Araújo, 63 anos, que, junto com a neta, resgata processos manuais de tingimento natural para criar peças únicas, coloridas e sustentáveis. Encantada com a diversidade de cores oferecida pela natureza, ela criou a Coraterra, um ateliê de tingimento natural e estamparia botânica. As peças são produzidas em sua casa, em Dom Eliseu, no sudeste do Pará, e vendidas em feiras ou, sob encomenda, enviadas para todo o Brasil. Juntando cascas de cebola e folhas de cajueiro, a costureira chega a tons de verde, amarelo ou marrom; com o jatobá, ao cinza; com o pariri, tons de rosa ou vermelho; com folhas diversas, faz estampas únicas; entre muitas outras possibilidades.
“É incrível como podemos extrair tinturas de plantas, folhas, raízes, cascas e até mesmo de alguns frutos, como a romã. No meu quintal produtivo, tenho algumas plantas, como pariri, pata-de-vaca, goiaba e amora, que possibilitam a criação de peças únicas, que geram renda e ajudam na conscientização sobre o presente e o futuro”, conta Maria. Além de menos poluentes, os corantes naturais são menos agressivos para a pele e a artesã, que já utiliza tecido de 100% algodão para fazer os tingimentos, está em busca de algodão orgânico para deixar o processo ainda mais sustentável. Para complementar o processo artesanal, algumas peças também são bordadas.
Para o diretor-superintendente do Sebrae no Pará, Rubens Magno, é importante democratizar as oportunidades geradas pela COP 30 e a transição global para uma economia mais sustentável. “Queremos que os empreendedores do Pará aproveitem todas as oportunidades trazidas pela conferência, antes, durante e depois de sua realização. A criatividade dos pequenos negócios de impacto regionais é um exemplo para o mundo e coloca em evidência todo o potencial da floresta”, destaca.
Fonte: Redação | Foto: Divulgação