A indústria do jeans deu passos importantes rumo à sustentabilidade em 2024, segundo o relatório “Inovações e Desafios no Acabamento de Denim”, divulgado pela EIM (Environmental Impact Measuring). A plataforma, referência mundial na medição de impacto ambiental em processos de finalização de vestuário, analisou mais de 115 mil processos de acabamento de jeans ao redor do mundo. O levantamento mostra que 63% das práticas adotadas atualmente já são classificadas como de baixo impacto ambiental — um avanço significativo. No entanto, o relatório também acende um alerta sobre o uso persistente de produtos químicos perigosos em cerca de um quarto dos processos e o consumo excessivo de água, que ainda está acima do recomendado. O estudo propõe soluções como o uso de tecnologias limpas, produtos certificados e automação, além de servir como um guia anual para marcas e fornecedores comprometidos com a produção responsável. Clique aqui e confira a matéria mais detalhada sobre o estudo.
Begoña García, criadora da EIM e coautora do relatório, concedeu entrevista exclusiva ao Guia Jeanswear e falou sobre as motivações por trás da criação da plataforma e os caminhos para um futuro mais sustentável no denim:
Guia Jeanswear – Quais foram as principais motivações para a criação da plataforma EIM e como ela evoluiu desde então?
Begoña García – A EIM foi criada para oferecer uma ferramenta transparente, padronizada e baseada em ciência para medir o impacto ambiental dos processos de acabamento de denim. Sentíamos a necessidade de demonstrar de forma confiável os benefícios das novas tecnologias. Desde 2009, a plataforma evoluiu bastante, com indicadores mais precisos, análises aprofundadas e maior integração com sistemas de rastreabilidade da cadeia de suprimentos.
Guia Jeanswear – O relatório mostra que 63% dos processos hoje têm baixo impacto. O que impulsionou esse progresso?
Begoña García – Foi uma combinação de fatores. Tecnologias sustentáveis, como laser, ozônio e enzimas, se tornaram mais acessíveis. A colaboração entre marcas e fornecedores também foi fundamental. A própria EIM ajudou a estruturar metas claras e mensuráveis, além da pressão crescente de consumidores e varejistas por produtos mais responsáveis.
Guia Jeanswear – Ainda assim, 24% dos processos usam substâncias perigosas. O que está sendo feito a respeito?
Begoña García – A indústria está substituindo produtos químicos nocivos por alternativas mais seguras, alinhadas a programas como o ZDHC. Estamos eliminando substâncias como o permanganato de potássio e incentivando o uso de tecnologias como ozônio, pedras sintéticas e soluções enzimáticas. A EIM ajuda a mapear esses riscos e a monitorar os avanços, mas esse movimento é coletivo e envolve toda a cadeia.
Guia Jeanswear – Em relação à água, que tecnologias se mostram mais promissoras na redução do consumo?
Begoña García – Vemos bons resultados com tecnologias que dispensam ou usam menos água, como laser e ozônio, além de sistemas de reuso em circuito fechado. Produtos bioativos, como enzimas, também ajudam por exigirem menos enxágues. E, claro, o monitoramento em tempo real otimiza o uso hídrico e ainda reduz o consumo energético.
Guia Jeanswear – Qual o papel da digitalização e automação na sustentabilidade e segurança dos trabalhadores?
Begoña García – Essas tecnologias são essenciais. Permitem controle mais preciso, reduzem o uso de recursos e protegem os trabalhadores ao automatizar processos de risco. Plataformas como a EIM oferecem dados em tempo real e insights de performance, facilitando a tomada de decisões e a manutenção preditiva, promovendo um ambiente de produção mais seguro e eficiente.
O relatório completo da EIM está disponível para download aqui e será atualizado anualmente, servindo como ferramenta essencial para empresas que buscam alinhar seus processos industriais com os princípios da sustentabilidade.
Fonte: Ana Gimonski | Foto: Divulgação