São 15 anos de mercado, foco no público A e B, atualmente, com 130 expositores, negócios gerados em torno de 100 milhões e visitação de mais de dois mil lojistas. Essa é a Feira Ópera, que deu seu pontapé inicial em 2004, com um showroom no Hotel Ópera, em São Paulo – onde o nome foi definido, inclusive. Em seu primeiro ano, o encontro reuniu seis marcas, uma de cada segmento como maternidade, acessórios e calçados.
Diante de um ano tão especial, o Guia JeansWear conversou com exclusividade com um dos diretores da Feira Ópera, Frederico de Cunto, que atua juntamente com Fernanda Menezes. O diretor apontou como o evento está em seu momento mais maduro, sempre acompanhando o mercado e com muitas novidades para os próximos anos. Confira abaixo!

Guia JeansWear: Como surgiu a ideia da Feira Opera?
Frederico de Cunto: O Ópera nasceu de um grupo de expositores de uma feira que já existia quis fazer seu próprio showroom (no ínicio no Hotel Ópera) e, vieram cada vez mais agregados e se transformou no que é hoje, sem intenção de virar feira. Fez tanto sucesso que virou uma feira.
GJ: Como se diferencia das outras feiras de moda infantil?
FC: Somos uma feira que está relacionada diretamente ao business, de uma forma inteligente, com menor custo possível e maior quantidade de serviços agregados a esse custo. Na minha opinião, uma feira tem que ser a mais simplificada possível. O comprador não tem que perder tempo tentando localizar a marca, ficar constrangido pelo “castelo” (luxo), tem que perder tempo de fato procurando a mercadoria que veio procurar, conversando com o expositor, obtendo detalhes do produto que está comprando, tudo isso em relação aos negócios. Já quanto à curadoria, o mix de produtos, temos um diferencial importante.
Você imagina que o lojista sai de onde está. Às vezes é muito longe, tem um custo muito grande com equipe, transporte, alimentação, hospedagem. Então, o ideal é fazer a compra em um mesmo lugar para que ele não fique se deslocando, o mix é muito importante. E não só isso, mas também colocar expositores que tem mais a ver com que ele precisa. Uma curadoria para ter marcas que são interessantes para esse público.
GJ: Vocês estão comemorando 15 anos de feira. De lá para cá muita coisa mudou. Como vocês observam essas mudanças?
FC: O Ópera permanece com a mesma alma: menor custo com maior quantidade de serviços. Nisso a gente vem agregando cada vez mais ferramentas para ajudar o lojista a fazer uma boa compra, ajudar o expositor a ter um bom planejamento. Mudamos nos incrementos de tecnologia, busca por ferramentas que tragam lojistas mais selecionados, expositores que estão mais comprometidos com aquilo que o lojista vem procurar.
Na verdade, conceitualmente, muito pouca coisa mudou, o segredo do sucesso foi manter aquilo que acreditamos desde o começo. Crescemos e evoluímos na questão tecnológica. Todas essas mudanças foram muito positivas. A gente só cresce na crise. O país com essa instabilidade econômica e política fez com que a gente fizesse algo, isso foi muito bom para nós.
GJ: Quais as principais dificuldades e avanços no segmento infantil?
FC: A primeira coisa e a mais importante foi a profissionalização desse setor. Ele era muito informal e começou a ser mais bem organizado, com um planejamento, com uma gestão financeira, administrativa, tanto para o expositor quanto para o lojista.
GJ: Como vocês definem os consumidores atuais e o próprio lojista?
FC: Eles estão muito mais preparados para abastecer a loja dele, estão mais antenados, procuram se informar mais sobre tendência para errar menos e, tem uma equipe dentro da empresa dizendo exatamente o que precisa ser feito em relação às compras à planejamento.

Fred e Fernanda, diretores da Feira Ópera
GJ: O que os visitantes da feira buscavam na primeira edição, diferente do que buscam hoje?
FC: A diferença é que estão mais organizados. Hoje existe um planejamento, antigamente não tinha. Talvez no passado, o visitante não só vinha abastecer a loja, mas era um momento de glamour, de ver as marcas conceituais que tinham e ter esse contato com essas marcas ou talvez até ter alguma dessas peças dentro da loja porque aquilo tinha um glamour. Atualmente, ele está mais preocupado com resultado, sabe que se errar, compromete sua empresa.
Porém, a vinda na feira continua a mesma. É um momento de encontro, de troca de informações, de ver tendências, mesmo que seja de outro segmento. Por exemplo, uma pessoa que vem procurar decoração, não fica só ali, ela olha a feira inteira porque não é só a decoração que vende. É uma coisa aliada à outra.
GJ: Quais as perspectivas para os próximos 15 anos?
FC: Acho que nos próximos anos vamos ter muita mudança. Esta globalização, a formação de opinião acontece hoje de forma muito rápida. O que antes demorava dois, três anos para haver uma mudança, agora acontece semestralmente, então é difícil planejar estes 15 anos pra frente, tudo muda muito. O que eu posso dizer é que a Ópera continua com essa visão que precisamos fazer business a baixo custo e com muita qualidade.
Temos também o Tour Virtual, uma ferramenta importante que vem mudando o comportamento do visitante e tende a crescer. Trata-se e um aplicativo o Ópera Conecta que possibilita mapear o evento, agendar visitas e realizar um tour virtual para quem não pode estar presente na feira, além de outros serviços e facilidades para o comprador.
Na minha opinião, Ópera vai partir para uma nova fase que terá muito mais uma questão sensorial. A gente vai tentar criar uma experiência diferente entre lojista e expositor. O mercado hoje está mais personalizado, o lojista vem procurar produtos que estão mais vinculados aquele cliente que ele atende. As marcas não tentam vender para um grupo muito grande, se ela vai atuar naquele mercado X, irá produzir exatamente aquilo que busca e quer comprar.
Vamos exemplificar como se fosse um supermercado. Antigamente, a gente tinha uma gôndola da Procter&Gamble com “N” produtos e, com o tempo, algumas marcas criaram outros produtos que são pessoais, exclusivos, que a empresa não vai produzir como. Por exemplo, um sabão em pó com cheiro de maracujá, tem cliente que quer comprar aquilo.
Esses pequenos produtores começaram a produzir um item em específico, então naquela determinada região, tem o consumidor que quer tal produto, mas as grandes marcas não produzem. Isto começou a tomar uma proporção muito grande. Hoje, as grandes marcas perceberam que não adianta fazer um produto universal, elas têm que pensar qual é o nicho que vão querer atingir e fabricar um produto para aquele nicho.
Trazendo para o nosso universo, isso já está acontecendo. O Ópera vai começar a ter essa característica do personal, do sensorial, quero mexer com as emoções das pessoas. Além de vender, a feira tem que mexer com a parte sensorial das pessoas, vamos passar para outro conceito. Como? Isso veremos com o tempo.

GJ: Em números, quanto a feira cresceu?
FC: Em visitação, cresceu em torno de 80% em relação à última edição. Em relação ao business teve um aumento de 10%, pelo menos.
GJ: E sobre o segmento no Brasil? Houve crescimento?
FC: Houve crescimento de 2%.
GJ: Qual a principal dica aos lojistas para se diferenciar no mercado?
FC: Venham para o Ópera. Aqui a gente está muito preocupado quanto à informação. Voltamos a ter um ciclo de palestras e o objetivo é reeducar, entrar nesta questão de que o lojista e o expositor estão focados no planejamento financeiro. Nós queremos incrementar isto trazendo mais conteúdo.
Fonte: Vanessa de Castro | Foto: Divulgação