O amor ao jeans dentro do ciclo da moda é tão grande; que sim: ele
consegue se mostrar absolutamente novo a cada estação. Algumas vezes ele se
reinventa mantendo a cara de jeans velho. Outras, se reformula pegando emprestado
toques e aparências de outros tecidos. Independente da lógica, as
estampas tem um papel fundamental nestas renovações, pois
conseguem criar proximidade e afastamento para com a própria linguagem do segmento.
Para o Inverno 2017, as araras apresentam todos estes recursos: do
novo ao inédito, do artesanal ao industrial. Temos desenhos rabiscados reverenciando o
jeans de estimação, gravações a laser agrupadas lembrando patches, padrões clássicos
curvando-se à importância do tempo, superfícies alteradas pela própria construção
do denim, texturas sugerindo acúmulo de poeira, toques elevando
padrões decorativos já vistos, e cores psicodélicas fazendo com que velhos desenhos se
sobressaiam do tecido em leitura inédita.
Nos temas clássicos, temos a espinha de peixe, as minilistras, riscas
de giz, xadrezes, pieddepoule e poás. Enquanto os três primeiros aparecem mais
desgastados em profusão com efeitos vintage, os dois últimos reapresentam-se com
maior frequência de maneira lúdica: pieddepoule em cores vibrantes, e poás gráficos
desordenados lembrando a organização de bolhas de sabão.
Já os efeitos manchados, iniciam-se pelo camuflado alterado, até
chegar na mancha saliente que tenta reproduzir com veracidade o acúmulo de lama,
poeira ou pigmento. Dos efeitos mais bonitos, constam os que se misturam às marcas
3D do jeans, confundindo-se com bigodes e dobras da vestimenta. E para além desta
inspiração, constam também nesta aparência os craquelados rochosos levando
paisagens inóspitas para o jeans
O mix decorativo, por sua vez, transita do wallpaper às estampas de
bicho. Ou seja, nada de novo, exceto pelo toque, que indubitavelmente elevam a leitura
final ao aproximar o denim de materiais nobres. Temos padrões gravados com toque de
veludo, e estampas cobertas por resina alcançando toque emborrachado ou jeitão de
couro colorido.
O destaque maior fica por conta da influência dos anos 90, que agrega ao
jeans a linguagem do veludo cotelê como uma aparência desejo
importante e numerosa nas coleções. Nesse visual temos florais, listras, motivos de
papel de parede: praticamente todos os padrões. Mas atenção para a alquimia, a
proposta de simular o veludo é batida, desbotada e acima de tudo: confortável. Confira
as imagens.
VIVIAN DAVID | FOTOS: EQUIPE GUIA JEANSWEAR