Fundador do Grupo PL Confecções, Chebli Nabhan falou sobre seu legado no mercado denim durante transmissão ao vivo com a Tecnoblu Your ID – confira a transmissão na íntegra. O libanês, que chegou ao Brasil ainda na infância, mudou o cenário da moda no Paraná, mais precisamente na cidade de Cianorte, que hoje detém o título de “Capital do Vestuário”.
Tendo a mediação de Cristiano Buerger, CEO da Tecnoblu, o bate-papo online teve início com Chebli Nabhan contando um pouco mais sobre suas origens. “Minha história começou criança mesmo. Cheguei no Brasil com cinco anos de idade, quando meus pais vieram para cá (do Líbano) para tentar a vida”, disse ele.
“Viemos para cidade de Sertaneja, no Paraná, e minha mãe falava que morávamos em ‘terra vermelha’, que as crianças sujavam muito a roupa aquela coisa. A Cianorte estava abrindo em 1953 e meu disse que ‘lá é terra de areia, minha mulher não vai reclamar da roupa suja e eu vou começar a minha vida lá’. Veio para cá, alugou um salão e montou uma loja”, completou Chebli Nabhan.
Com isto, aos oito anos de idade, Chebli Nabhan já estava “colocando a mão na massa” e trabalhando com seus pais na pequena estabelecimento em Cianorte. Entre os ensinamentos que conquistou na época, destacou uma conselho de sua mãe: “Se o cliente entrou em sua loja, você tem que agradecê-lo. Se ele derrubar uma prateleira, você mostrar tudo e ele não comprar nada, agradeça do mesmo jeito. Quando ele voltar, vai comprar com você”.
A história de Chebli Nabhan mudou completamente na década de 70, quando a grande geada atingiu a cidade paranaense e arrasou os cafezais da região, principal atividade trabalhista até então. Neste momento crítico, sem trabalhos na lavoura, o empresário utilizou o relativo conhecimento já adquirido sobre a indústria de confecção e tomou uma decisão inusitada.
“Cheguei para o meu irmão e disse que queria sair da sociedade (da loja familiar), porque ia ensinar o povo a costurar […] Comprei sete máquinas de costura, trouxe para Cianorte, montei a confecção e comecei a ensinar as pessoas“, detalhou.
Dois anos depois, a empresa já era responsável pela contratação de 500 funcionários. Chebli Nabhan moldou Cianorte de uma cidade agrícola, para uma potência têxtil, onde mais mais de inúmeras grifes impulsionam o mercado local atualmente.
O ato de pensar no pólo como um todo foi destacado por Chebli. “Eu ia muito em São Paulo na Rua José Paulino, Rua Oriente e 25 março para fazer compras para a loja, quando ainda era lojista. E você via várias lojas, uma do lado da outra. O cliente tem uma opção, porque se tem uma loja só você não vai. Se tem várias, ela chama atenção e atrai o cliente”, exemplificou.
“Então, eu sozinho não ia conseguir atrair (a atenção do consumidor). Se unir todo mundo, você consegue trazer o cliente para o seu município“, ressaltou Chebli Nabhan.
O denim foi um grande capítulo desta história de empreendedorismo, com a PL Confecções sendo responsável pela produção jeanswear para todo o Brasil. Neste sentido, a empresa surge com a Private Label, onde grandes marcas do país desenvolvem seus jeans desde a modelagem e aviamentação, e só depois são encaminhadas para a lavanderia Lavinorte. O grupo também possui três selos próprios (N29, La Rossi e Tuaren) e outros dois licenciadas (Puramania e Puramania Kids).
Com trajetória praticamente autodidata, Chebli Nabhan buscou exaltar projetos como o da Denim City São Paulo, que procura acima de tudo a disseminação de educação na indústria do denim. A instituição está sediada no Brás, em São Paulo, e teve sua inauguração oficial adiada por conta da pandemia do novo coronavírus.
“Nós no Brasil, tudo que aprendemos foi suado, não foi fácil. Hoje colaborador que está comigo há mais de 35 anos, e as pessoas que trabalham com a gente, você vê a dedicação delas para com a empresa. O que ela faz, ela faz com amor. É muito diferente da Europa, Estados Unidos, onde é frio. Aqui não, o colaborador faz com amor”, destacou o pioneiro. Chebli Nabhan foi responsável pela formação de cerca de 40 mil profissionais da área têxtil em sua carreira, além de ter incentivado 500 empresários até aqui.
Em relação ao futuro da cadeia têxtil nacional, o empresário seguiu ressaltando seu desejo pelo crescimento e valorização do setor. “Meu sonho é um dia alguém enxergar isso. O setor têxtil pode gerar de 30 a 40 milhões de empregos se o governo enxergar. Se diminuir o imposto da indústria, ele vai ganhar lá na frente. Você vai estar com a pessoa empregada, ela vai consumir e vai rodar a roda”, disse Chebli Nabhan.
“Acho que o Brasil só tem a ganhar, rico ele já é […] Eu acredito que logo teremos muita coisa boa no nosso país, ninguém tem os recursos que nós temos”, finalizou.
Fonte: Thaina Barros | Fotos: Reprodução