Semana Fashion Revolution discute boas práticas sustentáveis na cadeia de moda

A última semana foi marcada por mais uma edição do Fashion Revolution, que reuniu mais de 200 eventos pelo Brasil – todos no formato online – abordando diversos assuntos com foco na transparência, sustentabilidade e ética na indústria da moda por meio da conscientização, mobilização e educação.

A abertura contou com a presença da diretora executiva do Fashion Revolution no Brasil, Fernanda Simon, Nelsa Nespolo da Justa Trama, Namastê Messerschmidt, educador da Agroflorestando e Amanda Costa da Perifa Sustentável. Com o tema “A revolução será cooperativista, agroflorestal, feminista e periférica”, os convidados debateram as mudanças sistêmicas relacionadas à sustentabilidade e como tudo isso impacta o mundo da moda.

Durante a transmissão, Nelsa abordou a quantidade enorme de agrotóxicos utilizados no plantio de algodão e disse que a Justa Trama trabalha com o processo do plantio agroecológico, além da fiação, tecelagem e todo o processo de confecção da roupa.

“Não é só quem faz a sua roupa. A gente pode dizer quem plantou o algodão, quem fez o fio, o tecido e é esse o nosso orgulho, de poder dizer isso para as pessoas que estão usando e é o orgulho também das pessoas envolvidas em cada etapa desse processo. Entregamos nas mãos dos consumidores um produto saudável, que não está contaminado e que a gente tem a garantia de dizer por onde passou cada etapa”, afirmou Nelsa.

Namastê falou sobre o sistema agroflorestal que é basicamente dar um ambiente para as plantas, parecido com o que elas têm na natureza, em prol da regeneração da terra, solo e do planeta. E, acrescentou que na agrofloresta é preciso ter um olhar sistêmico, do coletivo.

Já a ativista climática, Amanda Costa que trabalha em um projeto social para democratizar as pautas da agenda 2030 da ONU para as comunidades periféricas de São Paulo, abordou a complexidade sobre o assunto sustentabilidade. “Quando a gente pensa em sustentabilidade, pensamos em diminuir as desigualdades sociais, fomentar uma economia inclusiva ao mesmo tempo em que a gente é ambientalmente responsáve”, disse.

“Pensar em sustentabilidade é pensar sobre a vida, em estratégias para democratizar esse discurso para que toda essa narrativa não fique apenas centralizada no capital dominante, ou seja, apenas aos homens, héteros, ricos e velhos, que por muito tempo foi assim que se manteve. Este é o meu ativismo. A crise climática já está acontecendo e todos vão sofrer os seus impactos”, completou.

Sobre o comércio e preço justo, Nelsa diz que é preciso pensar em todos os elos da cadeia, incluindo o consumidor, sem necessariamente ser um produto mais caro, que somente as classes mais altas podem adquirir.

“Um valor justo seria que quem produziu possa adquirir esse produto senão estaremos fazendo novamente para uma classe que tem todos os privilégios na sociedade. Nós queremos um valor que melhore a vida do agricultor, da costureira, mas não queremos excluir o consumidor. E a Justa Trama é a marca que pratica o melhor valor, mais justo para todos os elos de produção e no final, o menor valor das marcas orgânicas e o segredo disso é não ter exploração, todos nós somos cooperativas e associações, não tem um se contrapondo sobre o outro”, afirma a empreendedora.

Sobre futuro, os participantes concordaram que o mundo só vai mudar se mudarmos nossas atitudes e práticas.

Confira a transmissão completa abaixo:

Fonte: Vanessa de Castro | Foto: Reprodução