Conferência aponta Índia como destino de investimento na produção têxtil

Atualmente os exportadores indianos confiam demasiado na restituição de direitos aduaneiros quando o vestuário é reexportado com base em tecidos e fibras comprados fora do país, afirmou Deepika Rana, vice-presidente executiva da Li & Fung India, na conferência Texcon 2013 que decorreu em meados de julho. “Muitos fornecedores no país concentram-se no desenvolvimento de eficiências na linha de produção, reduzindo desperdícios e cortando custos”, acrescentou


No entanto, Rana revelou na conferência organizada pela Confederação das Indústrias Indianas (CII) em Nova Deli, que estava confiante de que a procura por parte de compradores estrangeiros irá forçar a mudança na indústria têxtil e vestuário da Índia. Rana salientou ainda que o setor deve ter uma visão holística dos custos, considerando os custos indiretos, bem como os de origem interna. Citando o caso do Bangladesh, Rana considera que, apesar das fábricas serem baratas, os fracos relacionamentos industriais originam greves que afetam os prazos de entrega, obrigando os compradores a utilizar o dispendioso transporte aéreo.


Darshan Lal Sharma, presidente da conferência e diretor-executivo da Vardhman Textiles, salientou que a Índia também tem problemas de entrega dentro do prazo, produtividade da mão de obra, rotatividade de pessoal experiente e fraco compromisso com o trabalho.


Estas questões poderiam ser abordadas, segundo Sharma, através da reorganização da indústria para os seus pontos fortes. “Chegou a hora da Índia criar os seus pontos de venda exclusivos, que podem ser a dimensão da encomenda flexível e o foco em competências e design”, defendeu.

Além disso, para tornar o setor de vestuário mais produtivo, Sharma comentou que a Índia precisa de apoiá-lo com investimentos para criar empresas fortes de fiação, tecelagem e tinturaria, as quais são de capital altamente intensivo.


O novo ministro indiano para os têxteis, Kavuru Sambasiva Rao, que foi nomeado em junho, concordou que há necessidade de um melhor ambiente de trabalho na indústria têxtil e vestuário para gerar melhorias sustentadas. Mas argumentou que é necessário a liberalização do direito do trabalho para atrair mais investimento.


Rao também enfatizou que a Índia precisa de integrar os seus setores têxtil e vestuário para exportar peças acabadas que sejam 100% provenientes do país, reduzindo a quantidade de algodão e as exportações de fios.


Ranbir Kumar Vij, conselheiro na empresa Indo Rama Synthetics, destacou a forte procura internacional por fibras sintéticas e outras fibras não celulósicas como uma oportunidade. “Há uma grande lacuna na produção mundial e indiana de poliéster e um enorme potencial para aumentar o consumo per capita de fibras de poliéster na Índia”, indicou o responsável, acrescentando que “sem se tornar um líder em fibras de poliéster, a Índia não pode atingir metas de exportação elevadas”.


Vij também disse que, embora a participação da Índia nas exportações globais de têxteis e vestuário seja atualmente de apenas 4,5%, a vantagem é que o país tem potencial para aumentar as suas exportações, sem ser prejudicado pela escassez de infraestruturas e de mão de obra, dado que o investimento realizado até ao momento é suficiente.


Já Veit Geise, vice-presidente da Asia Sourcing na VF Corporation, afirmou que “para a questão sobre qual poderá ser a próxima China, há apenas uma resposta: a Índia”. Segundo Geise, nenhum outro país tem a dimensão necessária, a estrutura e as matérias-primas potenciais.

PORTUGAL TÊXTIL | FOTO: REPRODUÇÃO