FebraTêxtil traz inovações no jeanswear com foco na sustentabilidade e tecnologia

A FebraTêxtil 2025, realizada em São Paulo, entre os dias 18 e 20 de fevereiro, no Expo Center Norte (SP), reuniu todo o ecossistema de insumos e soluções para a indústria têxtil e de confecção. A Feira, organizada pelo Febratex Group trouxe novas tecnologias, matérias-primas e soluções para o mercado.

Destacando a relevância da FebraTêxtil 2025, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) reforçou o crescimento expressivo do setor no Brasil. Em 2024, a indústria criou mais de 30 mil novos postos de trabalho e registrou um aumento de 4% na produção têxtil e de 3,8% no vestuário. Além disso, 42% das empresas já estão planejando investir em tecnologia e automação em 2025, apontando para um futuro promissor.

“A FebraTêxtil 2025 foi realizada em São Paulo, Estado hub de negócios que é o maior produtor de têxteis e confeccionados do país, portanto uma feira de São Paulo para o Brasil e o mundo. Apresentamos as expectativas do setor, debatendo as taxações e a igualdade tributária necessária, visando uma concorrência justa e leal. O nosso objetivo é fazer com que, em três ou quatro anos, o evento seja fantasticamente maior”, afirmou Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente da Abit.

A feira contou com painéis e palestras, como o espaço Arena do Conhecimento e Talks, que abordaram inovações e o futuro do mercado têxtil. Outro destaque da programação foi o Brasil Fashion Designers, um concurso que homenageou Vivi Haydu e valorizou jovens designers. O Fashion Show foi outro grande atrativo, com marcas como Vicunha, Capricórnio, Total Fios, Manatex, Bonor, Macias Tecelagem, Sticle e Fiação Fides, que apresentaram suas novidades e tendências mais recentes, conquistando o público presente.

Guia Jeanswear presente na FebraTêxtil

O Guia Jeanswear, foi convidado a participar do evento pelo Diretor da Febratex Group, Hélvio Jr., com um espaço onde estiveram presentes, a ONG Florescer com seus produtos produzidos através de retalhos e Luis Gugliatto, da marca Why Not by Gugliatto, que também investe no upcycling, na criação de peças de roupas. Luis ofereceu um workshop para que os visitantes pudessem conhecer todos os processos na produção de uma nova peça, a partir de jeans usado.

“A troca entre as pessoas é muito interessante, desde estudantes de moda até profissionais que se interessam pelo denim. Ensinei a forma correta para desmontar a peça e a reutilização da matéria-prima num todo, sem descarte e em cima da modelagem, criamos outras peças como kimonos e saias”, diz Luis Gugliatto.

O Guia Jeanswear promoveu, também, diferentes palestras na Arena do Conhecimento, entre elas, “Se ESG é custo para você, seu negócio está em risco”, por Maria José Orione, consultora em marketing e planejamento, “Upcycling com valor agregado” por Luis Gugliatto, da Why Not by Gugliatto que abordou o processo criativo da marca em um talk com Iolanda Wutzl, CEO do Guia Jeanswear, “Tecnologia na indústria do jeans”, por André Duarte, consultor em lavanderia, que falou como as inovações tecnológicas tem auxiliado na velocidade, custos e melhorias do produto jeans e, “Planejamento & Desenvolvimento de coleções de moda”, por Daniela Marx que contou o segredo da liderança do grupo Inditex, detentora da Zara, entre outras marcas.

Maria José Orione trouxe a evolução histórica da Sustentabilidade (alinhamento de contexto filosófico) e ESG (Ações relacionadas à riscos e oportunidades), lançando três perguntas:

-O que pode impactar meu negócio no curto, médio e longo prazo?
-Como a minha operação está vulnerável às mudanças sociais e ambientais?
-Minhas práticas de governança são robustas o suficiente para mitigar riscos?

Segundo Maria José, os pilares do ESG são: Ambiental – traz questões relacionadas ao impacto da empresa no meio ambiente, como emissões, uso de recursos e gestão de resíduos; Social – são as práticas voltadas para o bem-estar dos funcionários, comunidades e sociedade, como diversidade, inclusão, saúde e segurança; e Governança – processos e estruturas que garantem a responsabilidade, transparência e ética nos negócios.

E o ESG não é apenas para as grandes empresas, pois há diversos fatores que impactam as Pequenas e Médias como a cadeia de fornecimento que exige fornecedores sustentáveis, regulações mais rígidas no setor têxtil, competitividade no mercado onde o consumidor busca por marcas alinhadas ao ESG e bancos e investidores que priorizam crédito para empresas que se preocupam com as questões sociais e ambientais.

A profissional apresentou ainda alguns exemplos do ESG na prática: Redução do desperdício, reaproveitamento de tecidos, economia de água, melhores condições de trabalho, contratação de 50+, PCDs, salários justos, impacto comunitário, e na governança, a criação de um código de ética, separação de finanças pessoais das da empresa e transparência contábil.

E como podemos iniciar a implementação do ESG? Primeiro, identificar áreas fortes e oportunidades para desenvolvimento, depois, estabelecer metas realistas e mensuráveis para cada pilar e, incorporar os princípios do ESG na rotina e na tomada de decisões. O mais importante é não comunicar mais do que você realiza e tudo que fizer tem que ser de verdade, sem greenwashing. “O ESG não é custo, é sobrevivência e lucro”, afirma Maria José.

André Duarte apresentou diferentes técnicas em lavanderia com destaque para o laser que elimina vários processos e acelera a produção, além de utilizar menos água, sem químicos e sem amarelar. “Aqui estou trabalhando com o tempo e não com receitas. A partir disso, começamos a precificar de uma maneira diferente”, diz André. O laser proporciona um produto que não conseguiria realizar manualmente e nem quimicamente, com isso, há uma versatilidade de criação infinita e que pode ser reproduzida, pensando nas vendas.

Já a Ozonização consegue tirar a migração da peça, deixando-a limpa. Há equipamentos que trabalham à seco onde é possível fazer efeitos de sky e marmorizados, por exemplo, e outras máquinas que trabalham com água, no modo úmido, que chega ao clareamento extremo. André salientou que o produto precisa dialogar com o cliente e a marca não pode dizer que suas peças são sustentáveis, se não há como provar. Para André, o mercado perdeu a criatividade pela necessidade de custo, para baratear a peça.

Daniela Marx começou sua palestra com uma frase muito importante: “É na hora da compra que se ganha dinheiro e não na hora da venda”. A profissional que já passou pelo Grupo Inditex, contou o segredo do sucesso do grupo que está presente em 100 países, com 6 mil lojas e 5 bilhões de faturamento em lucro.

“Para entender o futuro da moda e como estar à frente das mudanças, precisamos olhar para os fatores macroambientais que moldam esse mercado: economia, política, culturas regionais, tecnologia e nos últimos anos, a revolução digital”, afirma Daniela Marx.

A moda já passou pelo boom das fast fashions onde as coleções eram rapidamente criadas, muitas vezes, sem leis de produção trabalhistas e o cuidado com os problemas sócio-ambientais. Agora, estamos na era da moda consciente e digital. “Vender uma peça de roupa não é mais suficiente, as pessoas compram identidade, pertencimento e valores. Entramos na Era do Slow Fashion e da personalização em massa”, comenta Daniela. O mercado trabalha com a Inteligência Artificial, Moda Circular e Sustentável, Experiências Phygital (online físico) e a Economia da criatividade e da influência (criadores de conteúdo e influenciadores que impactam nas vendas).

E a pergunta que fica é: “Como equilibrar velocidade, inovação e sustentabilidade em coleções de moda que sejam criativas, comerciais e com valor agregado?”

Segundo Daniela a palavra da vez é Simplicidade, com menos burocracia, mais tecnologia, logística eficiente, proximidade com o consumidor e treinamento. O modelo de negócio deve ser único, unindo branding, produto e marketing. O sistema de informação deve ser em tempo real, baseado em dados que ajudam a saber o que colocar dentro de uma coleção, minimizando riscos. É preciso entender o que traz dinheiro e pensar ainda nas diferentes culturas regionais espalhadas pelo Brasil, que consomem de forma diferente. Tudo isso para criar o mix interessante. O desenvolvimento precisa ser ágil, identificando as tendências e todo o processo até chegar as lojas. Esse tempo precisa ser claro e assertivo. Daniela conta que a Zara não manda a mesma coleção para o mundo todo.

Há ainda a produção e logística que traz desafios relacionados à Prospecção e Gestão de fornecedores e a Distribuição para lojas e seu impacto na velocidade. Por fim, abordando inovações e futuro, devemos focar na sustentabilidade e economia circular, novas tecnologias e os próximos passos no mercado global.

Fertex Selvedge Denim

A Fertex dos criadores, Marina Coutinho Ferreira e Antônio Alexandre Junior, produz o Selvedge Denim, fabricado em tear de lançadeira estreito, onde, por exemplo, uma largura de tecido dá uma perna numa calça. É uma técnica antiga bem conhecida no Japão. “Não produzimos tecidos tão pesados quanto no Japão, pelo nosso clima”, comenta Antônio.

Um dos destaques é usar a calça com a barra dobrada com ourela aparente em tecidos que podem vir no 100% algodão ou com mistura de fibras tecnológicas. O tingimento é feito em meadas, com alta solidez, assim como é feito no Japão.

O casal lançou no ano passado a marca True Soul, pois sentiam dificuldade de se trabalhar o tecido nas coleções e pelo nível de qualidade e exigência que queriam. As peças são atemporais, para homens e mulheres e, foram criadas para durar por várias estações.

“Usamos fios retorcidos em nossos tecidos, isso, por si só, vai dar mais regularidade, resistência, toque e durabilidade que não, necessariamente, está apenas no tecido, mas também na costura, forro de bolso”, diz Antônio, que contou que 92% do tecido é aproveitado, incluindo as ourelas e o que sobra é doado para ser reciclado ou se transforma em outro produto.

Com fábrica e confecção em Americana, no interior de São Paulo, a True Soul é vendida no Instagram para o Brasil e para o mundo em uma coleção exclusiva, com 20 peças no máximo, assinadas e numeradas, em denim e sarjas como a black e a bege e algumas vêm com íons de prata que é bactericida e anti-odor, o que reduz as lavagens. “Produzimos menos, mas produzimos um produto extremamente bem feito, para durar. Nós não somos a favor do consumo. É preciso saber consumir, com consciência”, enfatiza Antônio.

Vicunha

Em um lindo espaço, a Vicunha trouxe como foco, produtos mais sustentáveis, com tecnologias como o Polygiene, solução sustentável de alta performance em tecnologia e anti-odor e que resiste à processos industriais de lavagens.

“Essa tecnologia foi lançada há um ano e vinha em quatro bases, agora é possível escolher o tecido que quiser, sob demanda. É anti-odor, tem íons de prata que evitam as bactérias que trazem mau cheiro, por isso, também é eco, porque vai lavar menos”, afirma Chico Gonzalez, coordenador de marketing da Vicunha.

Já o algodão regenerativo é cultivado com práticas agrícolas que promovem a saúde do solo, preservam a biodiversidade e contribuem para a redução das emissões dos gases de efeito estufa. Sem irrigação, redução de químicos regeneração do solo e, com produção local.

Outra novidade é o selo Zero Fresh Water onde os tecidos são produzidos com 100% de água de reuso. “Graças à VSA, empresa controlada pela Vicunha, o esgoto doméstico de cidades vizinhas à unidade fabril no Nordeste do Brasil, é purificado e transformado em água para uso industrial. Consumo zero de água de fontes naturais, preservando o meio ambiente e beneficiando as comunidades locais”, comenta Chico.

O Nicolas, artigo com fluidez natural e peso de 8oz é o primeiro que passou por esse processo e agora são mais 12 tecidos que surgem com esse atributo sustentável.

E, olha que interessante, marcas como Yes I Am Jeans, estão colocando em suas peças, instruções de como cuidar do seu jeans, estampadas no forro de bolsos e, não mais em tags, que vão para o lixo.

A Vicunha apresentou seu desfile com peças que carregam design e tecnologia. “Faltavam feiras assim, essa é o start. Não tenho dúvida que a segunda edição vai ser melhor ainda. A expectativa é ótima, estamos muito felizes com o interesse dos clientes. Nosso espaço recebeu empresas e vários estudantes, o que é muito bom para olharmos para o futuro. E o que veremos é cada vez mais pessoas, tecnologia, inovação e lançamentos para essa feira”, comenta Fabio Felix, responsável pelo marketing da lavanderia.

Capricórnio Têxtil

A têxtil esteve presente na feira com seu portfólio de 6 famílias, com destaque para o Algarve, 100% algodão, na sarja 3×1, com 1,76m de largura e disponível em 8 tingimentos. O Dark Blue, por exemplo, oferece reservas marcadas com efeito que mistura o fundo azul com o preto. Já o Eva vem no algodão e poliamida e oferece sensação de frescor e conforto, não retém odores, o que proporciona menos lavagens, reduzindo consumo de água e detergentes. O Vert (com 9,5oz e 35% de stretch) e o Breta (10oz e 48% de stretch) são confortáveis e têm aspecto nobre no índigo puro que permite lavagens mais intensas ou com desbotes. A Capricórnio apresentou seus lançamentos em um desfile exclusivo com peças diferenciadas da coleção CapriTrends.

“É o primeiro ano e estamos aqui, porque acreditamos no crescimento do setor, com uma feira para São Paulo, a maior cidade da América do Sul e foi ótimo para a Capricórnio apresentar seus produtos e para o o posicionamento da marca”, comenta Livia Bernardes, coordenadora de marketing da Capricórnio.

Andrade Máquinas

Um dos lançamentos da empresa é uma máquina japonesa capaz de produzir barras de camisetas de forma automática, o que aumenta a produtividade, sem precisar de costureira, apenas um operador. A empresa tem várias opções, também para o segmento jeanswear.

IEMI

A IEMI – Inteligência de Mercado, apresentou o Anuário Brasil Têxtil que completa 25 anos paralelamente à empresa que faz 40 anos como plataforma de estudos de inteligência e pesquisas de mercado voltadas para toda a cadeia têxtil brasileira, desde a fiação até a confecção, incluindo o varejo e o consumidor final.

A próxima edição já está agendada para os dias 24, 25 e 26 de fevereiro de 2026, no Expo Center Norte.
Nós, do Guia Jeanswear conversarmos com vários expositores, inclusive, as empresas do segmento jeanswear e, todas se mostraram otimistas com essa primeira Feira, com movimento durante os três dias.

Fonte: Vanessa de Castro | Foto: Divulgação