Fusão entre Arezzo e Soma pode estar chegando ao fim

A fusão entre os grupos Arezzo e Soma, consolidada há apenas oito meses, pode estar com os dias contados. O mercado financeiro foi surpreendido na última sexta-feira (14) com informações de que os executivos Alexandre Birman e Roberto Jatahy já estão articulando uma separação, o que poderia levar ao fim da Azzas 2154.

Os rumores provocaram forte impacto nas ações da Azzas, que registraram queda de 10% no dia. Apenas a Natura teve um desempenho pior. Apesar disso, o Ibovespa manteve sua trajetória de alta, acumulando valorização de 3,14% na semana, com um avanço de 2,64% apenas na sexta-feira, fechando aos 128.957,09 pontos.

De acordo com veículos especializados, tanto Birman quanto Jatahy já contrataram assessores jurídicos e financeiros para conduzir as negociações. O CEO da Azzas, Alexandre Birman, conta com a assessoria do Morgan Stanley e do Spinelli Advogados. O processo de separação, no entanto, deve ser complexo e demorado devido à estrutura do negócio. Um dos possíveis cenários é que a Hering, antes pertencente ao Grupo Soma, fique com a Arezzo após a cisão. Além disso, há especulações de que Birman possa adquirir a participação de Jatahy, mas os desafios financeiros para viabilizar esse movimento ainda são incertos.

Entre os principais fatores que teriam levado ao desgaste da fusão estão as diferenças no modelo de gestão e os resultados financeiros negativos no quarto trimestre de 2024, o primeiro após a integração. A empresa queimou caixa, aumentou sua dívida e registrou prejuízo antes de impostos, o que afetou diretamente a confiança do mercado. As ações chegaram a cair 12% na quarta-feira, recuperaram 5% na quinta, mas voltaram a despencar 10% na sexta-feira. Em agosto do ano passado, a Azzas era avaliada em mais de R$ 50 por ação. Hoje, o valor caiu para R$ 24, resultando em uma avaliação de mercado de R$ 4,96 bilhões.

Para especialistas, a falta de alinhamento estratégico e de cultura organizacional entre os grupos foi um dos principais problemas. “Pois é, falta alinhamento da cultura organizacional, que inclui (ou não) o olhar estratégico para a gestão do design, como forte componente do capital imaterial da identidade de marca”, comenta Luciane Robic, Diretora de Marketing do IBModa. A declaração reforça que a fusão pode ter falhado por razões além dos números, envolvendo também diferenças na identidade e na visão de negócios das empresas envolvidas.

Fonte: Ana Gimonski | Foto: Divulgação