Queda na exportação de vestuário da China

Os analistas alertam que a indústria têxtil e de vestuário na China continua perdendo competitividade como resultado do fortalecimento do yuan chinês, combinado com o aumento dos custos de mão de obra: “Este ano, a nossa produção poderá cair 20% em relação a 2011 devido à perda de encomendas, adverte Louis Jiang, gerente de vendas da Sichuan Hainaer Fashion, empresa sediada em Chengdu, que comercializa uniformes profissionais e vestuário de trabalho para clientes nos Estados Unidos, Europa e Canadá.


Jiang revela que no primeiro semestre de 2012 a produção da sua empresa cifrou-se apenas nos 1,73 milhões de dólares, 27,2% abaixo dos 2,2 milhões de dólares registrados durante o mesmo período do ano passado. “A fraca economia tem prejudicado a procura nos países ocidentais, reclama o responsável.


As declarações de Jiang são confirmadas por Zhang Guanjin, diretor-geral da empresa Shaoxing Jinyong Textile, sediada na província de Zhejiang, um fabricante de cachecóis e saias. “Apesar do mercado europeu estar estagnado, os fabricantes chineses estão enfrentando custos crescentes: salários, logística e um yuan forte. Alguns dos nossos clientes europeus têm vindo à procura de encomendas em fabricantes do Sudeste Asiático, em busca de lucros adicionais, diz Guanjin.

Este pessimismo enraizado surge apesar do ano 2012 ser até agora relativamente estável para o setor de vestuário chinês. Segundo a alfândega da China, as exportações de vestuário do país atingiram os 111,3 bilhões de dólares entre janeiro e junho de 2012, ficando 1,6% acima do ano anterior. No entanto, o valor das vendas para a União Europeia caiu 12,2% em relação ao ano passado, para os 21,3 bilhões de dólares.


Além disso, a crise do euro oferece algumas oportunidades de longo prazo para os fornecedores chineses com ambições globais, como é o caso da Shanghai Challenge Textile, uma empresa cotada na Bolsa de Valores de Shenzhen, especializada no desenvolvimento de tecidos para clientes de sportswear no Japão, Austrália e EUA.


Em novembro de 2011, a Challenge abriu um escritório em Treviso, na Itália, para entrar no mercado europeu. De acordo com a empresa, o custo operacional anual do escritório é agora acessível, na ordem dos 150 mil euros. “O custo de contratação de pessoas locais e a renda do escritório está se tornando mais acessível, graças à crise financeira, afirma um vendedor da empresa. Ele admite que o mercado europeu não é suscetível a gerar grande riqueza em um futuro próximo, mas ainda assim acha que vale a pena tentar a longo prazo: “Afinal, agora temos a nossa própria força de vendas na região e pode ajudar-nos a obter encomendas de clientes europeus de forma eficiente, acrescenta.
E isto faz todo o sentido para empresas chinesas, à medida que os concorrentes em outros países emergentes preparam-se para competir por mais quota de mercado em economias desenvolvidas que costumavam comprar a maioria do vestuário made in China.



Por exemplo, em agosto, o governo tailandês divulgou que planeja aumentar a sua quota de mercado do Japão e de países que compõem a ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), na medida em que a procura nas duas regiões está aumentando, enquanto as vendas na UE continuam encolhendo. As exportações de têxteis e vestuário da Tailândia caíram 15,6% em termos anuais no primeiro semestre de 2012, para os 3,5 mil milhões de dólares.


Em janeiro, a associação dos fabricantes e exportadores de malhas de Bangladesh, realizou uma exposição de malhas em Tóquio. No final do evento, o vice-presidente Mohammad Hatem disse aos jornalistas: “vamos competir contra os fabricantes chineses para obter mais quota de mercado no Japão”.

PORTUGAL TEXTIL | FOTO: REPRODUÇÃO