O setor têxtil de Bangladesh, um dos maiores responsáveis pela produção global de vestuário, está enfrentando grandes dificuldades devido às recentes políticas comerciais dos Estados Unidos, especialmente as tarifas impostas sobre o denim. As exportações de jeans, uma das principais exportações do país, sofreram uma queda acentuada, com uma redução de 39,80% nas vendas para os EUA de janeiro a agosto de 2023, comparado ao mesmo período de 2022. Além disso, a União Europeia, que também é um grande destino das exportações de denim de Bangladesh, viu suas importações caírem 22,48%, agravando a crise no setor.
O impacto das tarifas, que elevaram os impostos sobre os produtos de denim de Bangladesh, é ainda mais pronunciado por outros fatores econômicos, como o aumento nos custos de produção e as flutuações cambiais. Esses desafios tornam o mercado de Bangladesh menos competitivo em relação a outros países produtores, como Turquia, México e Paquistão, que estão se beneficiando com o aumento de sua participação no comércio global de jeans. A inflação nos mercados ocidentais também tem levado consumidores a reduzir seus gastos com produtos de moda, diminuindo ainda mais a demanda por denim.
Enquanto Bangladesh enfrenta essa crise, o Egito começa a se destacar como um novo polo de produção de denim, com investimentos significativos de países como a Turquia, que está ajudando a expandir a infraestrutura têxtil local. O Egito, conhecido por sua produção de algodão de alta qualidade, se beneficia de sua proximidade com mercados europeus e o crescente interesse de marcas internacionais em diversificar suas cadeias de suprimentos. A Turquia, por sua vez, tem aumentado suas operações no país, visando criar uma base de produção alternativa à Ásia, especialmente em resposta às dificuldades de Bangladesh.
As tarifas dos EUA, que também afetaram outros produtos têxteis de Bangladesh, como o algodão, resultaram em uma elevação dos custos, prejudicando a competitividade do país. Isso gerou um movimento de empresas norte-americanas para suspender pedidos, pressionando ainda mais o setor. Em resposta, o governo de Bangladesh solicitou uma prorrogação de três meses nas novas tarifas, esperando mais tempo para ajustar sua produção e encontrar soluções para os desafios enfrentados no mercado global.
Esse cenário de mudanças no comércio global está impactando também o Brasil, que, embora não esteja diretamente envolvido nas tarifas de Trump, sente os efeitos indiretos dessa reconfiguração nas cadeias de suprimento. O Brasil, que possui uma indústria têxtil competitiva, pode ver uma abertura de mercado com a possível diminuição das exportações de Bangladesh para os EUA e Europa.
Fonte: Ana Gimonski | Foto: Divulgação