O Egito está se consolidando como um dos principais polos de produção de denim, impulsionado pelo investimento de empresas turcas do setor têxtil. Com o aumento dos custos de produção e as incertezas na cadeia de suprimentos, marcas globais de jeans estão buscando alternativas mais acessíveis e confiáveis. Graças à sua proximidade com a Europa e vantagens comerciais, o país tem atraído um fluxo significativo de investimentos estrangeiros, particularmente da Turquia, que vê na região uma oportunidade estratégica para expandir sua produção.
Entre os novos investimentos, destaca-se a fábrica da Denim Rise, empresa turca de vestuário pronto, que aplicará US$ 8,8 milhões na construção de uma unidade na Zona Industrial de Qantara West. Prevista para entrar em operação no segundo semestre de 2025, a fábrica deverá gerar cerca de 1.000 empregos e exportar 70% de sua produção. Além disso, o grupo Eroğlu Holdinganunciou um projeto de US$ 40 milhões na mesma região, criando mais de 3.000 postos de trabalho. Já a Sharabati Denim está investindo em uma nova unidade em Sadat City, capaz de empregar 2.000 pessoas e ampliar sua capacidade produtiva.
A busca por estabilidade nos custos de produção é um dos principais fatores que impulsionam essa movimentação. Alessandro Moretti Ciacci, diretor de vendas e marketing da Sharabati Denim, destaca que o mercado está cada vez mais competitivo e que as empresas precisam de alternativas na região do Mediterrâneo para oferecer um serviço rápido e sustentável. Além da mão de obra qualificada e de incentivos fiscais, o Egito se beneficia de acordos comerciais vantajosos, como o programa Qualified Industrial Zones (QIZ), que permite a exportação livre de tarifas para os EUA, desde que parte da produção envolva insumos israelenses.
Outro fator que favorece a ascensão do Egito na indústria do denim é o investimento em sustentabilidade e inovação tecnológica. Empresas como a DNM Denim estão aumentando a capacidade produtiva para atender à crescente demanda, ao mesmo tempo em que adotam práticas mais ecológicas. Segundo Sedat Sualp, vice-gerente geral da DNM, os custos reduzidos de mão de obra e energia, aliados ao compromisso ambiental, tornam o Egito um polo atrativo para marcas que buscam fornecedores responsáveis. Tecnologias avançadas, como as oferecidas pela empresa italiana Tonello, também estão ajudando a elevar a competitividade das fábricas egípcias no mercado global.
Apesar das vantagens, desafios ainda precisam ser superados, como a burocracia, oscilações cambiais e a necessidade de expandir a cadeia de suprimentos local. No entanto, especialistas acreditam que, com o conhecimento técnico transferido por empresas turcas e o apoio do governo egípcio ao setor têxtil, o país tem potencial para se tornar um dos principais centros de produção de denim do mundo nos próximos anos.
Fonte: Ana Gimonski | Foto: Divulgação